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A Ineficácia do Talmud - Parte II

  • Foto do escritor: Rubens Szczerbacki
    Rubens Szczerbacki
  • 22 de out. de 2020
  • 10 min de leitura

A propósito, não consigo entender essa história de se escrever D-us, D’us ou D.us! É Deus! Colocar tracinho, apóstrofo ou pontinho para não se escrever a expressão Deus por extenso nunca foi maneira de se cumprir o terceiro mandamento! Não denota qualquer reverência e jamais significou tomar o Nome do Senhor Deus em vão! Será que se colocarmos um risquinho no lugar de uma letra vai aplacar a ira de Deus? E se assim eu não proceder, será que alguma daquelas maldições de Deuteronômio 28 estará caindo sobre a minha cabeça?

A benção sacerdotal, em Números 6:27 diz: Assim porão o MEU NOME sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei. Ou seja, é o próprio Deus que permite que os filhos usem o Seu Nome e recebem Sua benção! Tomar o Nome de Deus em vão é outra coisa: é blasfemar, é não reverenciar, é não ter temor do Nome que é sobre todo Nome! Ou usar o Nome de Deus em brincadeiras, futilidades, coisas seculares, músicas do mundo, conversas de botequim ou piadas de Whatsapp! É viver em adultério e dizer que Deus sabe todas as coisas! É pecar voluntariamente e tentar encontrar razões humanas para Deus te perdoar! É desprezarmos o próximo e escrever Deus com tracinho para cauterizar a consciência espiritual, assim como os católicos que passam por uma igreja e se sentem fiéis a Deus, fazendo o sinal da cruz de Cristo! Usar o Nome de Deus em vão é criar uma lei humana, transformá-la em verdade e afirmar que esta lei foi ordenada por Deus! Não é um sinal no lugar de uma letra que vai nos justificar diante Dele! Isso é coisa de legalistas e religiosos! E de sábios! Além disso, o Nome de Deus não é Deus! Deus é uma designação da Divindade! No Antigo Testamento Ele foi chamado por uns 70 nomes diferentes! Em Isaías 42:8 lemos que o Nome do Senhor é Yehová! Na Nova Aliança, Seu Nome é Pai!

Bem disse o profeta Isaías a respeito desse povo:

Visto que este povo se aproxima de mim e com a sua boca e com os seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, que maquinalmente aprendeu, continuarei a fazer obra maravilhosa no meio deste povo; sim, obra maravilhosa e um portento; de maneira que a sabedoria dos seus sábios perecerá, e a prudência dos seus prudentes se esconderá[1].

Os rabinos afirmam que Êxodo 34:27 é a resposta para aqueles que questionam a legitimidade do Talmud, ou seja, que além da lei escrita, Deus teria dado a Moisés outras leis e estatutos, além de comentários da Torá, ordenando que não fossem registradas, mas transmitidas ao povo de boca em boca!

Disse mais o SENHOR a Moisés: Escreve estas palavras, porque, segundo o teor destas palavras, fiz aliança contigo e com Israel. O original hebraico apresenta al peh, que traduz boca, i.e., a lei que foi dada a Moisés oralmente. Os rabinos entenderam Deus ter feito uma aliança de boca com Israel, além de um pacto escrito!

Afinal, que tipo de argumento é esse? Uma ordem profética para o Mishná ser escrito anos à frente? Em qualquer tradução deste versículo, trata-se de uma ordenança de Deus a Moisés para que ele escrevesse as palavras da aliança do Senhor com Moisés e com Israel! A ordem foi: escreve estas palavras! Ou seja, a Torá estava sendo compilada como registro eterno para o homem!

Ora, toda a lei escrita pode ser passada de boca em boca, como o exemplo clássico de Êxodo 12, a respeito da cerimônia da Páscoa[2]. Não só pode como nos tempos bíblicos não havia outra opção! Com o que contavam após a saída do Sinai para ensinar a Palavra de Deus? Papelarias abertas em Jericó com promoções de papiro para copiar a lei? Pois não havia outra forma de se divulgar a Torá, a não ser boca a boca!

Por tantas ocasiões Jesus dizia: Ouvistes que foi dito: Olho por olho, dente por dente[3]. Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo[4].

Se deres ouvidos à voz do SENHOR, teu Deus, guardando os seus mandamentos e os seus estatutos, escritos neste Livro da Lei, se te converteres ao SENHOR, teu Deus, de todo o teu coração e de toda a tua alma. Porque este mandamento que hoje te ordeno não é demasiado difícil, nem está longe de ti. Não está nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos céus, que no-lo traga e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Nem está além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar que no-lo traga e no-lo faça ouvir, para que o cumpramos? Pois esta palavra está mui perto de ti, na tua boca e no teu coração, para a cumprires[5].

Se o próprio Deus disse na Torá que Seus mandamentos não são demasiados difíceis nem estão longe, nem nos céus [onde, quem sabe, somente os sábios teriam acesso], mas tão perto, na boca e no coração, para serem cumpridos, qual a motivação do Talmud? Por acaso Deus é homem para que minta ou filho do homem para que se arrependa? Os sacerdotes levitas poderiam fazer intermediação entre Deus e o homem, mas a ninguém foi dado o direito de se criar ou subtrair algo além daquilo que Deus ordenou a Moisés que escrevesse! A verdade é que aquilo que Deus trouxe para perto do povo para ser cumprido, os sábios se encarregaram de afastar cada vez mais, se escondendo atrás de uma lei oral, tornando inacessível qualquer intimidade do homem com Deus! Em suma, para o judeu se achegar a Deus, só com a permissão dos sábios! Só eles poderiam emitir carteirinhas e crachás para o judeu comum falar com Deus!

A elite judaica criou uma lei para si própria, como se a obra de Deus fosse restrita e o Senhor precisasse do homem para aperfeiçoar e completar Sua obra perfeita! O que isso pode agregar ao espírito humano, se não regra sobre regra, preceito sobre preceito como bem disse Isaías[6]?

Eu não questiono o Talmud ou a Mishná como obra literária ou religiosa, nem homens com a capacidade intelectual e secular de Rambam[7], Ramban[8] ou Rashi[9]. Eu questiono como foi possível transformar um livro escrito e inspirado por homens como tendo sido inspirado por Deus, nivelando-o à Torá! Isso, sim, é herético, diabólico e carnal!

Tomei a parte dos profetas maiores e menores (Neviim), além dos livros históricos e de sabedoria do Tanach (Chetubim) e resolvi pesquisar se havia alguma dica de uma palavra oral, oculta, ou se ocorre a expressão Talmud ou mesmo algo que atestasse a existência de uma lei oral, além da lei escrita. Afinal, o Tanach é a Bíblia hebraica! Não é possível que o rei Davi não fizesse alguma menção sobre a lei oral em algum Salmo, ou que Daniel, Isaías ou Jeremias, Elias ou Eliseu, não tivessem deixado nas entrelinhas algum enigma a respeito! Eis o que encontrei:

Como Moisés, servo do SENHOR, ordenara aos filhos de Israel, segundo o que está escrito no Livro da Lei de Moisés, a saber, um altar de pedras toscas, sobre o qual se não manejara instrumento de ferro; sobre ele ofereceram holocaustos ao SENHOR e apresentaram ofertas pacíficas. Escreveu, ali, em pedras, uma cópia da lei de Moisés, que já este havia escrito diante dos filhos de Israel[10].

Esforçai-vos, pois, muito para guardardes e cumprirdes tudo quanto está escrito no Livro da Lei de Moisés, para que dela não vos aparteis, nem para a direita nem para a esquerda[11];

Guarda os preceitos do SENHOR, teu Deus, para andares nos seus caminhos, para guardares os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus testemunhos, como está escrito na Lei de Moisés, para que prosperes em tudo quanto fizeres e por onde quer que fores;[12]

Entregou Joiada a superintendência da Casa do SENHOR nas mãos dos sacerdotes levitas, a quem Davi designara para o encargo da Casa do SENHOR, para oferecerem os holocaustos do SENHOR, como está escrito na Lei de Moisés, com alegria e com canto, segundo a instituição de Davi.[13]

Levantou-se Jesua, filho de Jozadaque, e seus irmãos, sacerdotes, e Zorobabel, filho de Sealtiel, e seus irmãos e edificaram o altar do Deus de Israel, para sobre ele oferecerem holocaustos, como está escrito na Lei de Moisés, homem de Deus.[14]

Ele era escriba versado na Lei de Moisés, dada pelo SENHOR, Deus de Israel; e, segundo a boa mão do SENHOR, seu Deus, que estava sobre ele, o rei lhe concedeu tudo quanto lhe pedira.[15]

Em chegando o sétimo mês, e estando os filhos de Israel nas suas cidades, todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça, diante da Porta das Águas; e disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o Livro da Lei de Moisés, que o SENHOR tinha prescrito a Israel.[16]

Sim, todo o Israel transgrediu a tua lei, desviando-se, para não obedecer à tua voz; por isso, a maldição e as imprecações que estão escritas na Lei de Moisés, servo de Deus, se derramaram sobre nós, porque temos pecado contra ti.[17]

Como está escrito na Lei de Moisés, todo este mal nos sobreveio; apesar disso, não temos implorado o favor do SENHOR, nosso Deus, para nos convertermos das nossas iniquidades e nos aplicarmos à tua verdade.[18]

Dizem os rabinos que a Mishná foi elaborada motivada pela perseguição imposta pelos romanos aos judeus e à consequente possibilidade de que a memória talmúdica ficasse no esquecimento! Se formos ao pé da letra, homens - e não Deus - decidiram compilar os costumes, alegorias, histórias, filosofia, tradições, ética e explicações da Torá numa obra rabínica que passou a ser conhecida como Mishná! Se Deus tivesse ordenado o Talmud, literalmente a Mishná teria sido uma desobediência, pois teriam escrito o que foi determinado por Deus para não ser escrito! Mas os sábios são os sábios! Eles podem! Eram como os levitas! Só eles tinham maturidade intelectual e intimidade para se aproximar do Criador! Deus deve ter feito uma aliança à parte com eles! Além disso - quem sabe - o Senhor pode ter se equivocado e esquecido de dizer aos sábios que no futuro o Talmud seria escrito como o foi a Torá! Então, por que não deixar logo tudo escrito desde o Sinai? Mas como prefiro crer na palavra dos profetas, o Senhor nosso Deus não muda, se não os filhos de Israel já teriam sido consumidos[19]! Assim, se Deus tivesse dado uma lei oral e a mesma tivesse sido escrita mais tarde, das duas, uma: ou foi o homem que se pôs à frente de Deus ou o Deus de Israel é muito volúvel!

Assim, os sábios passaram a ter maiores credenciais que Moisés, e a Mishná passou a ter a mesma importância canônica e o mesmo peso espiritual da Torá!

Além da compilação da lei oral na Mishná, ou seja, o registro da lei oral em uma obra escrita, foi criada a Guemará[20], que seria o seu comentário analítico rabínico. Todas as discussões da Guemará são baseadas nos escritos da Mishná, ou seja, não consideram a Torá como fundamento único! A Guemará é caracterizada por obscuros e intrincados usos da argumentação e de debates sobre os mais variados temas, e quando chegados a um consenso, torna-se uma lei a ser incluída na Halachá[21]! Então agora temos a Halachá[22], formada pelas leis da Torá, pelas leis dos rabinos e pelos costumes e tradições judaicos[23]! Tudo muito simples, leve e objetivo!

Agora temos duas leis escritas: a Torá e a Halachá! A que vem de Deus e a que vem do homem! Qual delas você prefere seguir?

Toda a questão do Talmud se resume em premissas que visavam caracterizar o judaísmo como fonte inacessível ao homem comum. Sem a anuência dos sábios, a verdade não é revelada! Alguns comentários judaicos dizem que a lei oral foi necessária porque muitos não judeus chegaram ao Sinai e Deus estava separando através da lei oral, israelitas, de goys[24]. Mas pelo que consta na Torá, conforme o texto de Deuteronômio 10:17, Deus não é um Deus que faça acepção!

É, porventura, Deus somente dos judeus? Não o é também dos gentios? Sim, também dos gentios[25].

A Palavra de Deus teve que ser homologada pelos sábios para se tornar verdade prática na vida judaica. A Mishná e a Guemará foram considerados livros santos e únicas fontes para se compreender a revelação de Deus, e pasmem, segundo os talmúdicos, em nada inferiores à Torá! Para o judaísmo, o Talmud é o seu norte! Se o Talmud não é inferior à Torá, então o homem não é inferior a Deus! É com essa heresia que o judaísmo talmúdico vive! Um abismo chama outro abismo[26]!

Oh! Povo meu! Os que te guiam te enganam e destroem o caminho por onde deves seguir[27].

A verdade é que para muitos judeus, a Torá passou a ser secundária. Quando necessitam de uma consulta ao Pentateuco, procuram o Código da Lei Judaica (Shulchan Aruch[28]) ou os sábios contemporâneos que interpretam suas leis. Para estes, a Torá não subsistiria sem o Talmud e teria se tornado obsoleta. Para os seguidores do Talmud, os sábios personificavam a vontade de Deus e teriam atingido um patamar espiritual muito alto! Para eles, cada aspecto de sua conduta e cada uma de suas palavras foram marcadas por total inspiração divina[29]! Por esse motivo, a Mishná e a Torá passam a ter o mesmo status espiritual!

Para os seguidores do Talmud, as leis da Torá estão subordinadas à busca pela verdade que está oculta, ou seja, o Talmud é a autoridade única para responder e atestar as verdades da Torá! Com exceção dos sábios, ninguém mais tem autoridade para dizer o que significa determinado texto da Torá! A verdade está com eles, nas yeshivot[30], nas sinagogas, na tradição! Ruach Hakodesh, o Santo Espírito revelado por Isaías[31], seria apenas um detalhe irrelevante!

Certamente, o SENHOR Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas[32].

Profetas, não sábios! O que se conseguiu com toda essa parafernália de mandamentos e preceitos e regras de homens? A casa de Israel ficou cheia de ovelhas perdidas! Perdidas e divididas! São judeus reconstrucionistas, progressistas, conservadores, liberais, sionistas, cabalistas, ortodoxos, ultraortodoxos, sionistas, esotéricos, reformistas, ateus, espíritas, sefaradi ou ashkenazi, do Talmud, da Torá, da Halachá, do Tanach ou do Chabad[33]ou sei lá mais!

[1] Is.29:13-14 [2] Êx.12:26-27 [3] Mt.5:38; Ex.21:24 [4] Mt.5:43; Lv.19:18 [5] Dt.30:10-14 [6] Is.28:13 [7] Moisés Maimônides [8] Moses Ben Nachman (Nachmânides) [9] Rabi Shlomo Yitzhaki [10] Js.8:31-32 [11] Js.23:6 [12] 1Rs.2:3 [13] 2Cr.23:18 [14] Ed.3:2 [15] Ed.7:6 [16] Ne.8:1 [17] Dn.9:11 [18] Dn.9:13 [19] Ml.3:6 [20] Existem duas versões da Guemará. Uma versão foi compilada por sábios de Israel, primeiramente das academias de Tibérias e Cesareia, que foi publicada entre os anos 350 e 400 d.C.. A outra versão por sábios da Babilónia, inicialmente das academias de Sura, Pumbedita, e Mata Mehasia, foi publicada por volta do ano 500 d.C.. Por convenção, uma referência à Guemará ou Talmude, sem qualquer outra qualificação, refere-se à versão babilônica. [21] Conjunto de leis e costumes que regem o judaísmo. A tradução literal desta palavra é caminho. [22] A Halachá foi compilada no Shulchan Aruch, escrito por Rabbi Yossef Caro (1488-1575 EC). Como o Shulchan Aruch seguiu a prática sefaradi, uma interpretação foi adicionada pelo Rabi Moshe Isserles (1520-1572 EC), incluindo os costumes askenazi. [23] As mitzvot D’Oraita são os preceitos estabelecidos na Torá, enquanto as mitzvot de Rabanan são as leis criadas pelos rabinos, além dos 613 mandamentos! Soma-se a essas mitzvot, a mitzvot de Minchag. [24] Gentios. [25] Rm.3:29 [26] Sl.42:7 [27] Is.3:12-b [28] Codificação ou catálogo escrito da halachá, a lei do judaísmo, composta pelo rabino Yosef Karo, no século XVI. É considerada pela imensa maioria dos judeus ortodoxos, juntamente com seus comentários, como a compilação halachá de mais autoridade depois do Talmude, com a exceção duma minoria, que continua a seguir a Mishné Torá. [29] Morashá [30] Yeshivá é o local onde judeus se reúnem para estudar a Torá e as tradições rabínicas. [31] Is.11:2 [32] Am.3:7 [33] Chabad Lubavitch, também conhecido como Chabad, ou Lubavitch é uma das ramificações do hassidismo e uma das maiores organizações judaicas do mundo.



 
 
 

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