A Realidade do Inferno
- Rubens Szczerbacki
- 1 de jun. de 2022
- 11 min de leitura

O inferno e o abismo nunca se fartam, e os olhos do homem nunca se satisfazem. (Pv.27:20)
O inferno fica no centro da terra, nas regiões inferiores espirituais. A palavra inferno aparece 29 vezes na Bíblia, sendo 9 vezes no Antigo Testamento, e 20 vezes no Novo Testamento. Na Antiga Aliança, inferno é tradução do hebraico Sheol, que também significa mundo inferior, sepultura, habitação das almas dos mortos condenados. No Novo Testamento, inferno é tradução do grego Hades que, na mitologia grega, é o deus das regiões mais baixas. No grego bíblico, está associado com Orcus, o deus do submundo, as regiões infernais, um lugar de trevas e sombrio nas profundezas da terra, o lugar comum das almas separadas do corpo. Hades é a residência de Satanás, conforme Lc.16:23 (E, no Hades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão e Lázaro, no seu seio), e Ap. 20:13-14 (deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo. Esta é a segunda morte). Todavia, nas passagens do Novo Testamento, geralmente a expressão inferno é tradução de geena ou geena de fogo, palavra que tem origem em Gê Hinon [vale de Hinom ou dos filhos de Hinom, cf. Js.15:8; 18:16; 2Rs.23:10; 2Cr.28:3; 33:6; Ne.11:30; Jr.7:31; 7:32; 19:2; 19:6; 32:35], a sudoeste de Jerusalém, onde o lixo e os animais mortos da cidade eram jogados e queimados. Era o lugar em que os ímpios idólatras sacrificavam seus filhos a Moloque, fazendo-os passar pelo fogo. Era conhecido como vale de Tofete (Jr.19:6). Tofete é traduzido por escarro, uma região totalmente desprezada. O fogo ardia ali constantemente para consumir o lixo de Jerusalém.
Geena, do grego geenna, é a habitação eterna dos ímpios. É o inferno eterno após o Juízo Final. É o lago de fogo e enxofre! Hades é usado no Novo Testamento para referir-se ao mundo dos mortos condenados. Define o estado intermediário entre a morte e a ressurreição futura (Dn.12:2; Ap.20:6). Em Lucas 16:23-26, na história do rico e Lázaro, todos os mortos estão no mundo inferior, mas a expressão Hades é aplicada onde os ímpios, ou seja, os que morrem sem Cristo, são punidos, onde há tormento (Lc.16:19-31). Mais tarde, entretanto, todos serão julgados e lançados no lago de fogo e enxofre (gr.geena), onde serão condenados eternamente (Ap.20:11-15).
Muitas vezes encontramos no Antigo Testamento a palavra Sheol traduzida por sepultura, aludindo ao aspecto espiritual, não físico. Em Gênesis 42:38, Jacó diz: Não descerá meu filho convosco, porquanto o seu irmão é morto, e só ele ficou. Se lhe sucede algum desastre no caminho por onde fordes, fareis descer minhas cãs com tristeza à sepultura [hb. Sheol]. [Isso, no tempo anterior à cruz de Cristo, quando todos desciam ao Sheol, mesmo havendo um abismo que separava aqueles que foram considerados cativos (Lc.16:26; Ef.4:8-10), dos condenados]. Em Isaías 5:14, lemos: Por isso, a sepultura [Sheol] aumentou o seu apetite e abriu a boca desmesuradamente; e a glória deles, e a sua multidão, e a sua pompa, e os que entre eles folgavam a ela desceram. No sentido físico, sepultura ou cova, no Antigo Testamento, pode ser encontrada, como québer, conforme Números 19:18: Um homem limpo tomará hissopo, e o molhará naquela água, e a aspergirá sobre aquela tenda, e sobre todo utensílio, e sobre as pessoas que ali estiverem; como também sobre aquele que tocar nos ossos, ou em alguém que foi morto, ou que faleceu, ou numa sepultura. Em Jó.40:13, lemos: Cobre-os juntamente no pó, encerra-lhes o rosto no sepulcro [em oculto]. O original hebraico aqui é tamun. Já em Jó.17:14 (se ao sepulcro eu clamo: tu és meu pai; e aos vermes: vós sois minha mãe e minha irmã), o hebraico shachat é traduzido por cova ou sepulcro. A palavra abismo, no Antigo Testamento é tehom, conforme Gênesis 1:2 (A terra, porém, era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas).
Na Nova Aliança, sepultura física ou sepulcro, como tumba ou túmulo, pode ser Mnemeion (e o depositou no seu túmulo novo, que fizera abrir na rocha; e, rolando uma grande pedra para a entrada do sepulcro, se retirou, Mt.27:60) ou entaphiazo (Tomaram, pois, o corpo de Jesus e o envolveram em lençóis com os aromas, como é de uso entre os judeus na preparação para o sepulcro, Jo.19:40). Abismo é tradução do grego abusso, conforme Lc.8:31 (Rogavam-lhe que não os mandasse sair para o abismo). O grego Tártaro aparece uma única vez na Bíblia, e é traduzido por inferno em 2Pe.2:4 (Ora, se Deus não poupou anjos quando pecaram, antes, precipitando-os no inferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para juízo). O Tártaro é definido como a região subterrânea, sombria, tenebrosa, considerada pelos antigos como a habitação dos ímpios mortos. Em Apocalipse 9:13-15, lemos a respeito de quatro demônios terríveis que estão presos nas regiões espirituais do Eufrates, e que serão soltos ao toque da sexta trombeta, num momento específico do cronograma de Deus, a fim de matar a terça parte dos homens! Estes demônios devem estar presos no Tártaro, prisão de segurança máxima do inferno! Assim, na Bíblia, encontramos as expressões inferno, Hades, Sheol, abismo, lago de fogo, Tártaro, para montar esse leiaute diabólico. Para efeito didático, prefiro entender as expressões inferno, Hades ou Sheol como a habitação das almas dos mortos condenados até o dia do juízo final, quando a morte e o Hades serão lançados no lago de fogo (Ap.20:14), enquanto o geena ou o lago de fogo, é a habitação final das almas perdidas, após o juízo final.
O que Jesus ensinou sobre o inferno? Em Marcos 9:47-48 lemos: E, se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o; é melhor entrares no reino de Deus com um só dos teus olhos do que, tendo os dois, seres lançado no inferno, onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga. Como jamais ouvi um testemunho de alguém que, reconhecendo ser um pecador, arrancou um de seus olhos para merecer o céu, ao menos o crédito do que acontece no inferno ou quem são seus inquilinos, precisa ser dado ao Senhor! Vermes que não morrem; fogo que não se apaga! Verme é tradução de skolos, que Strongs afirma ser de origem incerta, mas define um tipo especial de verme que extermina, que aniquila cadáveres. O que estariam fazendo tais vermes ali no inferno? Geralmente associamos os vermes àqueles parasitas de 2 mm de comprimento. [Só lembrando que existem vermes que podem chegar a 12 mm]. A minhoca é um verme, e pode chegar a 15 cm de comprimento. Na terra! No inferno, ninguém sabe! Ora, o verme não está ali, num ambiente de seis mil graus centígrados, pra brincar de esconde-esconde, nem tampouco o fogo, inextinguível, somente para desfilar seus atributos em altas temperaturas! O verme está ali para violar e atormentar as almas que estarão no inferno, bem como o fogo para queimar almas incessantemente! Para que o Senhor ressaltasse que o verme não morre e o fogo não se apaga, essa dupla será incansável para atormentar os condenados por toda eternidade! Certamente os vermes estão ali para deslizar entre almas, esqueletos e carnes em pecado, e não sucumbe ao fogo da ira de Deus, que não se extingue jamais! É o seu ministério eterno! Nossa imaginação não consegue, sequer, comparar tal cenário com os filmes de terror mais horrendos e atemorizantes! Pois certamente estamos falando de carnes sendo queimadas e torrefeitas como em churrascos, peles dependuradas, corpos completamente deformados, odores nauseantes e gritos de horror impossíveis de serem expressos por palavras; almas acinzentadas em esqueletos apavorantes e sem vida, onde a cama e a coberta são costuradas pela união de um número incontáveis de criaturas estranhas e nojentas, que a Bíblia chama de vermes, num ambiente fétido e de calor insuportável.
Então, o Rei dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos [ . . . ] E irão estes [malditos] para o castigo eterno, porém os justos, para a vida eterna (Mt.25:41;46). Hoje, não há uma alma no lago de fogo, no Geena! A Palavra nos ensina que após o juízo final, todo aquele que não foi achado inscrito no livro da vida, será lançado no lago de fogo (Ap.20:15). O juízo final ocorrerá mil anos após a volta do Senhor (Ap.20:11-15).
O que me chama muito a atenção é a forma, por que não dizer desleixada, desaplicada, negligente, que muitos pregadores, pastores e evangelistas tratam este assunto! Por que motivo praticamente não se ensina mais esta doutrina nas igrejas, se Jesus tanto falou do inferno? Certa vez disse a um pastor amigo meu: não precisa pregar sobre o inferno, pregue sobre o que Jesus disse! Quando explica sobre o joio e o trigo, Jesus diz que assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será na consumação deste mundo. Por ordem do Senhor, os anjos colherão tudo o que causa pecado e todos os que cometem iniquidade para serem lançados na fornalha de fogo, onde haverá choro e ranger de dentes, enquanto os justos irão para o céu (Mt.13:36-43). Em 2Pe.2:17, Pedro diz que os filhos da maldição são fontes sem água, névoas impelidas pela tempestade, para os quais está reservada a escuridão das trevas externamente. Judas diz que estes que entraram pelo caminho de Balaão são ondas furiosas do mar, espumando suas próprias sujidades, estrelas errantes, para as quais tem sido eternamente reservada a escuridão das trevas (Jd.13). Na parábola dos convidados para as bodas (Mt.22:1-14), quando o rei entrou para ver os convidados, notou um homem que não deveria estar ali, pois suas vestes não eram adequadas. E então deu ordem aos servos para amarrá-lo e lançá-lo nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes. O desespero tomará conta daqueles que contemplarem as glórias do céu. Jesus disse que haverá choro e ranger de dentes quando aqueles que estarão no inferno olharem para Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no reino de Deus, e eles, lançados fora, enquanto outros se sentarão à mesa no reino de Deus (Lc.13:28-29). Suas memórias e consciências serão mantidas ativas. Por toda a eternidade, questionarão o motivo de não terem crido. O clamor por misericórdia em meio a gritos horripilantes de dor é o revestimento acústico do inferno! Não há misericórdia no inferno! Se falarmos de caldeiras ardentes com almas mergulhadas em ácido [lembrando que, na linguagem química, o enxofre é base para a síntese de ácido sulfúrico] sendo decompostas em meio a gritos aterrorizantes, terrificantes de dor e desespero, pode ser que muitos nos olhem, com aquele ar de juízo ou desdém, e digam que estamos vendo muito desenho do Pica-Pau ou de Tom & Jerry!
O sofrimento de Cristo naquela cruz de horrores foi o cenário montado na terra, o mais similar possível ao mundo espiritual das regiões infernais, que Deus quis mostrar aos homens! Deus quis revelar ao homem que todo aquele pavor que estava no corpo do Filho pode ser evitado, se crermos Nele, a fim de escaparmos daquele lugar maldito e, por fim, alcançarmos a vida eterna! A morte de cruz é uma morte de violência física absurda! No mundo físico, espinhos foram cravados em Sua cabeça, Sua carne foi arrancada, Seus braços provavelmente foram presos por pregos nos punhos e nos pés. Os braços soltavam-se das juntas. Com isso, o peso das pernas sobrecarregava a musculatura abdominal, impedindo-O de respirar, levando-O à morte lenta por asfixia. Ali, Ele bradou: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (Mt.27:46). Ele viveu o inferno e seus tormentos para que nós não tenhamos que passar por isso! A ira de Deus estava propiciada na cruz de Cristo! Ninguém viu o fogo, mas ele estava ali queimando o Senhor, que Se fez pecado por nós, para que fôssemos feitos justiça Sua (2Co.5:21)! Romanos 5:9 diz que logo, muito mais agora, sendo justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus (Jo.3:36).
Quantos, no inferno, não pedirão por misericórdia e por uma nova chance ao Senhor, e tentarão se justificar por estarem ali, naquele lugar de horrores! Davi diz que os que se esquecem de Deus serão lançados ali (Sl.9:17). Para o sábio, o caminho da vida é para cima, para que ele se desvie do inferno que está embaixo (Pv.15:24). Tão importante quanto à noção do inferno é a ideia de algo que não tem fim. Salomão diz que Deus pôs no coração do homem a ideia da eternidade (Ec.3:11). Talvez toda a nossa argumentação perdesse sua força avassaladora, se alguma escritura nos levasse a um sofrimento temporal, com início, meio e fim, como pregam os católicos, crendo em um purgatório. O tormento é eterno porque Deus é eterno. É eterna a punição para quem ofende um Deus eterno! Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder (2Ts.1:9). Em Deuteronômio 32:22, lemos: Porque um fogo se acendeu na minha ira e arderá até ao mais profundo do inferno, consumirá a terra e suas messes e abrasará os fundamentos dos montes. Deus é um Deus eterno, infinito. O inferno é um lugar de ausência total de Deus. Trevas exteriores! Escuridão das trevas! Prisões eternas! Choro e ranger de dentes! Não há repouso, não há tempo, dia ou noite. É um lugar sem luz, de densas trevas, de medo indescritível! Não há água nem oxigênio, não há luz, a não ser aquela proveniente das labaredas de fogo inextinguível. Não há vida, mas também não há morte! No inferno só há desespero, tristeza, dores insuportáveis, gritos de horror, desesperança, pavores inefáveis, súplicas por novas chances, cenas indizíveis! Como nos dias da grande tribulação, quando os homens procurarão a morte e não a encontrarão (Ap.9:6), assim será com as almas condenadas ao inferno! Se não receberão um corpo de glória como os justos (1Co.15;42; Fp.3:21), que tipo de corpo receberão aquelas almas condenadas, se não o corpo da corrupção e do pecado, em decomposição constante, que se renovará entre fogo e ossos para padecimento até o dia do juízo final, quando serão lançadas no lago que arde com fogo e enxofre? A Bíblia fala que haverá graus de punição diferentes para os ímpios. Sua punição será proporcional ao seu pecado contra a luz que receberam, mas de qualquer forma, será eterna. A Bíblia não relata que aqueles que estão no inferno sofrem torturas de demônios. Particularmente, não desprezo nenhum dos testemunhos que tenho lido e assistido, por pessoas que disseram terem sido arrebatadas ao inferno! O que está na Palavra é logo testificado; o que não está na Palavra não pode ser ignorado, mas devemos meditar com temor e tremor, especialmente quando ouvimos testemunhos similares de pessoas em lugares e datas completamente diferentes! Devemos ouvir tudo e reter o que o Espírito testificar (1Ts.5:21).
Por que escrevi esse texto? Para que você saiba que não tem essa de o inferno é aqui ou que Deus vai passar a mão na nossa cabeça e relevar o nosso pecado porque estamos debaixo da graça. Não! Deus é um Deus santo e requer santidade! Sem santificação, ninguém O verá! Eu escrevi para que você saiba que o inferno é real e eterno, como é o céu! Jesus disse para que nos esforçássemos por entrar pela porta estreita, porque muitos procurarão entrar e não poderão (Lc.13:24). Em Mateus 7:13-14, lemos: Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; E porque estreita é a porta, e apertado, o caminho que leva à vida, e poucos há que a encontrem. O esforço (gr. agonizomai) no texto de Lucas, fala de lutar com dificuldades e perigos, esforçar-se com zelo extremo, empenhar-se para obter algo. Creio que esforçar-se com zelo extremo aponta para uma vida de santificação. No texto de Mateus 7:13-14, Jesus fala da outra porta, larga, e espaçoso o caminho que leva à perdição. A porta estreita é Jesus. Muitos procurarão entrar por ela e não poderão, pois ninguém se achega àquela porta se o Pai não conceder (Jo.6:65). O caminho espaçoso e a porta larga são os inúmeros caminhos que as pessoas procuram para encontrar o céu e a vida eterna, mas o que encontram é a perdição e o tormento eterno. Nossas vidas aqui na terra medem dois metros e meio. Nossas vidas na eternidade medem cento e vinte e cinco mil quilômetros, que se renovarão por outros cento e vinte cinco mil quilômetros, pelos séculos dos séculos, pelos milênios dos milênios.
Examinemos nossas vidas, se ela está compatível com a Palavra, e procuremos investir o nosso tempo e nossos pensamentos no que possuímos e não possuímos, para que jamais venhamos a pisar aquele lugar!
Jesus é a porta estreita, o verdadeiro Deus e a vida eterna! (1Jo.5:20).
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