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A Lei não tem a graça que a Graça tem

  • Foto do escritor: Rubens Szczerbacki
    Rubens Szczerbacki
  • 3 de fev. de 2022
  • 17 min de leitura



A Bíblia diz que o crente não está debaixo da lei, mas debaixo da graça (Rm.6:14). Esta frase explica de forma perfeita e sucinta a relação entre lei e graça. Todavia a graça não é passaporte para a transgressão. Basta ler as cartas de Paulo e perceber a quantidade de gente desqualificada para entrar no reino de Deus! Avarentos, maliciosos, invejosos, homicidas, difamadores, insolentes, soberbos, presunçosos, insensatos, injustos, impuros, idólatras, adúlteros, efeminados, bêbados, ladrões, maldizentes, prostitutos, lascivos, feiticeiros, assassinos, devassos, blasfemos, ingratos, atrevidos, arrogantes, covardes, incrédulos, mentirosos, estupradores e pedófilos, e a lista não para por aí! A graça parece ser mais exigente do que a lei em termos morais! Se essa turma toda não se converter a Cristo, o inferno os aguarda! Ah, mas se Cristo me alcançou, e eu pequei, então só me resta a lei! Está bem: ame a Deus de todo o coração, de todo o entendimento, de toda a tua força, e ao próximo como a ti mesmo, e estarás cumprindo a lei de Deus! Isso resolve o seu problema? Se você está em Cristo e pecou, o Espírito Santo vai te ajudar a se levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima. Pois se você está em Cristo, é nova criatura, uma nova natureza regerá a sua vida, tudo se fez novo em você e para você. Em Cristo, a lei do Espírito de vida te livrou da lei do pecado e da morte! Isso é a graça de Deus! Então você estará crescendo de fé em fé, moldando-se cada vez mais ao caráter de Cristo. Só a Palavra para nos transformar de dentro pra fora e exercer a função de prosseguir no conhecimento do Senhor, até que alcancemos a medida da estatura da plenitude de Cristo (Ef.4:13). Nós temos a mente de Cristo! Agora, se você peca voluntariamente depois de ter conhecido a verdade, já não resta sacrifício pelos pecados, pelo contrário, mas certa expectação horrível de juízo e fogo vingador prestes a consumir os adversários (Hb.10:26-27). Não negligencie, pois, tão poderosa salvação!

O Egito foi o cenário de duas ações de Deus: a libertação e a redenção. A libertação foi uma resposta aos clamores do povo, mas o Senhor tinha algo a mais para Israel: a redenção (Êx.6:6)! E nesse cenário, a Páscoa foi introduzida. Ou seja, trazendo para histórias em quadrinhos, uma coisa é sermos libertos por algum super-herói, que não suporta ver injustiça e sofrimento. Ele é mais forte, derrota o inimigo, abre a prisão e diz aos encarcerados: podem sair! Mas, além disso, ele diz: se vocês me seguirem, estarão debaixo de minha proteção. Dessa forma, Israel tornou-se o povo que se abrigava debaixo do sangue do cordeiro e, por isso, salvo da ira de Deus. Foi esse povo liberto e redimido pela graça que chegou ao monte Sinai, levado por uma coluna de fogo e de nuvem. Assim, é evidente que o Sinai não foi um ponto de parada casual de Israel, mas totalmente planejado por Deus. Em suma, o povo redimido pelo sangue foi trazido pelo Seu Redentor ao lugar da entrega da lei. A graça antecede a lei! Israel se abriga debaixo do sangue, tem paz com Deus e se compromete a peregrinar. Mas o que é a lei? A lei é um padrão de vida dado pelo Redentor aos redimidos, de tal sorte que estes saibam viver para Sua glória e prazer. Esta era a função da lei. E a base desta lei era a obediência. A lei não foi dada para se tornar uma nova escravidão, mas para ser um caminho de vida. No entanto, obedecer era uma condição para se alcançar a bênção. O salmista testemunha em favor do crente que o caminho da obediência é o da verdadeira liberdade (Sl.119:45). E o Novo Testamento te leva à consciência de que a verdadeira liberdade (a cruz de Cristo) te leva ao caminho da obediência. São conceitos diferentes.

O Senhor recolheu minha esposa em abril de 2020. Ela faleceu de câncer, aos 57 anos. Em 28/07/90, quando ainda namorávamos, ela me deu de presente um livro chamado Maimônides – Os 613 Mandamentos (Ed. Nova Stella, tradução e biografia por Giuseppe Nahaissi), cuja dedicatória de Rosy foi a seguinte: “Ao meu amado, que muito tem me ensinado sobre a Palavra do Deus Único e Verdadeiro! Com carinho e amor, Rosy Coelho de Araujo.”. Difícil continuar a escrever! Trata-se de 365 preceitos negativos e 248 positivos, descritos na lei de Moisés. Quando olhei ambos os índices, falei com Rosy que por mais santo que eu me propusesse a ser, certamente eu não conseguiria cumprir jamais dez por cento de todos aqueles mandamentos! Ela citava o texto de 1Jo.5:3, que diz que os mandamentos de Deus não são penosos. Eu dizia para ela: o problema não está nos mandamentos de Deus, o problema está em mim! O problema sou eu! Eu cumpriria dez mandamentos, vinte, trinta e cairia no seguinte, e teria que começar tudo de novo, do início, como naqueles jogos em tabuleiros com dados e peões. Tiago diz que aquele que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos (Tg.2:10). Percebe-se que para quem vive debaixo da lei, já era!

Ao ser questionado por certo homem de posição sobre o caminho a ser seguido para que a vida eterna fosse alcançada, Jesus respondeu que os mandamentos deveriam ser guardados. O homem disse que guardava os mandamentos desde a sua mocidade. Então Jesus vira-se para ele e diz que uma coisa lhe faltava: vender tudo o que tem e repartir com os pobres para se obter um tesouro no céu e depois segui-Lo. O homem se encheu de tristeza, pois tinha muitas propriedades. Vendo Jesus que o homem ficara triste, disse que seria muito difícil um rico entrar no reino de Deus. Então os discípulos perguntaram: então, quem pode salvar-se? Jesus, então, respondeu que as coisas que são impossíveis aos homens, são possíveis a Deus (Lc.18:18-27). Na realidade, o homem era vaidoso, pois não admitia seu próprio pecado. Jesus não estava criando regras para a salvação, mas mostrando ao homem a condição de seu coração. Quando Jesus diz venha e siga-me, Ele está convidando o homem a viver pela fé! O homem é justificado pela fé, independente das obras da lei (Rm.3:28). Então, isso quer dizer que pela fé anulamos a lei? De maneira nenhuma, diz o apóstolo Paulo! Antes, a lei foi confirmada. Pois, se assim não fosse, ela não poderia testemunhar a favor da graça! Então, por que provém da fé? Para que seja segundo a graça, a fim de que toda a descendência de Abraão receba as bênçãos de Deus, não somente judeus, mas gentios também, conforme a fé que teve Abraão, pai de todos nós (Rm.4:16). Na realidade, ao rejeitar vender seus bens e distribui-los aos pobres, o homem é repreensível porque demonstrou amar mais a si mesmo e às suas riquezas do que ao próximo. Assim, tudo o que o homem podia fazer era se afastar da possibilidade de Jesus ser o Senhor de sua vida. Mas, voltando ao que interessa: então, quem pode ser salvo? Resposta: aquele que viver pela fé, como profetizado por Habacuque (Hc.2:4)! Ou seja, não procure depender das obras da lei para ser salvo, pois a justificação e o teu direito à vida eterna jamais dependerão de seus próprios esforços!

A lei foi dada para Israel. Agora, pois, ó Israel, ouve os estatutos e os juízos que eu vos ensino, para os cumprirdes, para que vivais, e entreis, e possuais a terra que o SENHOR, Deus de vossos pais, vos dá (Dt.4:1). Esta primeira Aliança foi feita com o povo de Israel, em que os Dez Mandamentos foram escritos em tábuas de pedra (Êx.34:27). Nenhuma outra nação teve tão grande lei como os Dez Mandamentos (Dt.4:7-13). Por exemplo, alguém crê que o sábado foi dado aos gentios? Ou somente a Israel? E, por favor, desde agora quero deixar registrado para os antissemitas substitucionistas de plantão, que a Igreja não é Israel de Deus! Igreja é Igreja; Israel é Israel! Isso fica claro em Gálatas 6:15-16. Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o ser nova criatura. E, a todos quantos andarem de conformidade com esta regra [ser uma nova criatura], paz e misericórdia sejam sobre eles e sobre o Israel de Deus. Assim, o texto fala de gentios que se converteram a Cristo e de judeus que se completaram no Messias! Estes formam o Israel de Deus, em contraposição com os judeus que rejeitaram a Jesus (Rm.9)!

O que aconteceu na realidade? Enquanto a dispensação da lei perdurou, e Deus mantinha uma relação plena com Israel, os mandamentos permaneciam válidos! Assim, a partir do momento em que o evangelho entrou em operação, os olhos de Deus, nesta dispensação, não estão mais sobre judeus ou gentios, mas sobre a Igreja, formada por judeus e gentios que se converteram a Cristo! Acorda Israel! Não há mais judeu ou gentio no plano de Deus nesta dispensação, pois todos vós sois um em Cristo Jesus (Gl.3:28).

Esta é a maior bênção que poderia acontecer com os judeus que desfrutavam da lei! Por que? Porque se as obras da lei não os justificavam diante de Deus, surge nova possibilidade, hoje, para que possam desfrutar da vida eterna! Mas, certamente, sem fé, é impossível agradar a Deus! Fé que faltou ao tal jovem rico! E isso vimos claramente no texto de Lucas 18:18-27. Por que? Porque a Escritura encerrou tudo debaixo do pecado para que a promessa pela fé em Jesus Cristo fosse dada aos que creem (Gl.3:22). A Bíblia diz para que não sejamos pedra de tropeço nem para judeus, nem para gentios, nem para a Igreja de Deus (1Co.10:32). Agora, se os judeus pretendem continuar a viver debaixo da lei, cumpra-se a lei, pois aprendemos que tudo o que a lei diz, aos que estão debaixo da lei o diz (Rm.3:19). Você, leitor, está debaixo do quê? E agora a justiça de Deus foi manifestada sem a lei, tendo como testemunho a lei e os profetas (Rm.3:321). Se o espírito com que lemos a lei não for somente de testemunho, certamente estamos decaindo da graça!

Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; e, tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade, aboliu, na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz, destruindo por ela a inimizade. E, vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis longe [gentios] e paz também aos que estavam perto [judeus]; porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito. Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular (Ef.2:14-20).

Muitos cristãos têm dificuldade para entender a relação entre lei e graça. A Escritura não diz que Cristo veio revogar a lei, mas cumpri-la. Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra (Mt.5:17-18). Mas de que maneira Jesus cumpriu a lei ou os profetas? Na cruz, é certo! Se ali Ele cumpriu, ali tudo foi consumado. A Torah termina aqui! Ela não precisa de reforma ou restauração, pois já cumpriu seu papel no projeto perfeito de Deus! A graça é mais nobre e sublime do que a lei! O fim da lei é Cristo (Rm.10:4)!

O que nos importa é a verdade bíblica de que ninguém pode ser salvo pelas obras da lei (Gl.2:16). E como vimos, nem mesmo no Antigo Testamento a lei serviu como instrumento de salvação! Não estar debaixo da lei significa que o cristão não está mais debaixo da maldição da lei! Será que devemos cumprir a lei ainda hoje? A resposta é: Claro que não! Você vai me perguntar: por que não? Para os gálatas, Paulo diz que o homem não é justificado por obras da lei, mas sim, mediante a fé em Cristo, pois o justo viverá pela fé. Ora, a lei não procede da fé, mas aquele que observar os seus preceitos por eles viverá; Paulo diz que ele morreu para a lei juntamente com Cristo; que se a justiça de Deus fosse mediante a lei, então Cristo morreu em vão; que o Espírito Santo e as operações de milagres nos foram dados pela pregação da fé, e não, pelas obras da lei; que todos os que são das obras da lei estão debaixo de maldição, porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las; que Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se Ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro). Mas então qual a razão de ser da lei? Foi adicionada por causa das transgressões, até que viesse o descendente a quem se fez a promessa. E o descendente veio? Ora, as promessas foram feitas a Abraão e ao seu descendente. Não diz: E aos descendentes, como se falando de muitos, porém como de um só: E ao teu descendente, que é Cristo! Então, se o descendente já veio, por que devo eu continuar associado à lei de Moisés? Então a lei é contrária às promessas de Deus! Claro que não! Se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente da lei, mas a Escritura encerrou tudo sob o pecado, para que mediante a fé em Jesus Cristo, fosse a promessa concedida aos que creem! Antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela da lei e nela encerrados para essa fé que se havia de manifestar. A lei nos serviu de aio, i.e., de tutor, de escudeiro, de guardião, de guia para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé. Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, sob a lei, para resgatar os judeus, a fim de que recebessem a adoção de filhos. Veio para o que era seu, mas os seus não O receberam. Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no Seu Nome (Jo.1:11-12). Toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Mas se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei. Grande parte da Igreja crê que mesmo depois da cruz de Cristo, alguns preceitos da lei ainda permanecem válidos. Mas se uma Aliança foi substituída por outra, teria sido somente em parte? Por exemplo, os Dez Mandamentos incluem a guarda do sábado, e hoje, esse mandamento não é praticado pela Igreja! Ah, mas os outros nove mandamentos o são! Ou seja, afirmam que a lei moral permanece, com exceção do sábado! Esse conceito tem base bíblica ou teológica?

E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com ele, perdoando todos os nossos delitos; tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de ordenanças, o qual nos era prejudicial, removeu- o inteiramente, encravando-o na cruz; e, despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz. Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo (Cl.2:13-17).

Com isso, percebe-se que o sábado tornou-se uma prática cancelada. E se ela foi abolida, toda a lei o foi! Ora, não há nenhum lugar na Palavra que diga que Cristo cravou parte da lei na cruz! Seria o mesmo que adulterarmos Mateus 5:17, na forma: Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir [em parte]. Mas alguém poderá questionar: mas eu quero fazer circuncisão no meu filho no oitavo dia, guardar o sábado e dar o dízimo na igreja. O meu entendimento é que você pode fazer isso tudo com amor e graça, sob o espírito de uma Nova Aliança! Em Romanos 14:5-6 lemos que um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente. Quem distingue entre dia e dia para o Senhor o faz; e quem come para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come para o Senhor não come e dá graças a Deus. Mas se você pretende se utilizar destas práticas sob o espírito da lei, estará obrigado a guardar toda a lei, lembrando que Cristo morreu uma só vez pelos nossos pecados! E se você retorna ao espírito da lei, cada pecado cometido obrigará a um novo sacrifício de Cristo, e você estará expondo o Senhor ao vitupério (Hb.6:6). Moisés escreveu que o homem que praticar a justiça da lei viverá por ela (Rm.10:5).

Aos coríntios, Paulo escreve um verdadeiro axioma sobre o caráter da lei. Ele diz que o aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. É o momento onde muitos questionariam se a lei é pecado, mas Paulo se adianta e responde: De modo nenhum! Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás (Rm.7:7). Bem, já comentei que ninguém será justificado diante de Deus por obras da lei, e de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado. Romanos 7:1-6 traz uma alegoria sobre a lei e a graça. Paulo mais uma vez está confrontando as duas Alianças, trazendo a realidade de que todos os homens pecaram e destituídos ficaram da glória de Deus, e que a lei trouxe condenação e morte (Rm.6:23). Por isso, o evangelho da graça! Como interpretarmos estes versículos? Esta é uma palavra dirigida diretamente para os judeus, pois o primeiro versículo é explícito, quando Paulo escreve: falo aos que sabem a lei! Ele escreve para os judeus convertidos em Roma (onde também havia gentios convertidos). Quando Deus deu a lei no Sinai, assumiu a condição de que estava desposando Israel! Nada há de errado com a lei! Mas surge a graça (na forma masculina para facilitar nossa explanação), pelo qual a mulher se apaixona, sem poder desposá-la, senão seria adultério! Como a lei é estatuto perpétuo e consequentemente não pode morrer, só há uma saída: Israel precisa morrer para renascer e relacionar-se com seu novo amor! Mas como Israel poderia morrer? Morrer com Cristo é a única solução! Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos! Bingo! Dessa forma, a lei (também na forma masculina) ficou viúva! (Graça e lei são dois maridos; Israel e Igreja são duas esposas). Morremos com Cristo, e através de Sua morte, ficamos livres da lei! Quando Cristo ressuscita, nós ressuscitamos com Ele, todavia, uma vez que ressuscitamos, podemos agora escolher com quem queremos ficar! Agora nascemos em novidade de vida, somos uma nova criatura, as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo (2Co.5:17)! Se morremos, estamos desobrigados a ficar casados com a lei, ou seja, escolho quem eu quero! Se não morremos, então devemos ser fiéis ao primeiro marido, pois não nascemos novamente para viver com Jesus! Não faria sentido morrer, ressuscitar e casar-se novamente ou mesmo flertar com a lei! Seria adultério espiritual! Uma coisa é certa: não dá pra ficar com os dois maridos! Não dá para ser participante da lei e da graça! De sorte que agora há dois caminhos de vida: um é o caminho da lei: o homem que praticar a justiça decorrente da lei, viverá por ela, mas é um caminho pelo qual o homem não poderá achar mais a vida; e o outro é o caminho da fé em Jesus Cristo, que satisfez as exigências da lei e pode conceder a bênção da vida eterna. Moisés diria: escolha, pois, a vida!

Sabemos que uma Constituição é o Conjunto das leis que regulam a vida de uma nação, tendo o propósito de declarar direitos ou deveres individuais. É a carta magna. Na história oficial do País são consideradas sete Constituições desde o Império (1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1988). Ora, se procuramos as regras para determinada demanda jurídica, é certo que a base de juízo estará na Constituição mais recente, no caso, a de 1988. Não faria sentido eu tentar entender as leis trabalhistas de Vargas, tomando como base a Constituição de 1947; sanções do Código Penal, pela Constituição de 1891; e artigos sobre o Processo Penal, com base na Constituição de 1988! Não há advogado ou juiz que resista a contexto tão discrepante! Há leis que não estão mais vigentes no nosso ordenamento jurídico! Analogamente, Deus não é um Deus de confusão que, para certos assuntos vale o que está registrado na Primeira Aliança, e para outros, prevalece a Segunda Aliança. Mesmo porque a Bíblia não fala em nenhum lugar em Consolidação das leis das diversas dispensações! Logo, para qualquer assunto de Direito Bíblico, as leis que nos regem estão na Aliança mais recente, a Nova Aliança com base no sangue de Cristo, o Novo Pacto, o Novo Testamento! Deus tem sabedoria suficiente para criar uma Nova Aliança sem precisar se apoiar nas pernas da anterior que caduca!

Preciso lembrar de algumas palavras que Paulo, perdão, o autor de Hebreus, escreveu aos judeus, que estavam voltando às velhas práticas dos sacrifícios no templo de Jerusalém. O capítulo 7 menciona em seu início que Melquisedeque - rei de Salém e rei de justiça, sacerdote do Deus Altíssimo, feito semelhante ao Filho de Deus, sem pai nem mãe nem genealogia, uma tipologia tão evidente de Cristo, que saiu ao encontro de Abraão e o abençoou - permanece sacerdote para sempre. A Bíblia o coloca acima do sacerdócio levítico pois, profeticamente, até Levi, que estava nos ‘lombos’ de Abraão, pagou dízimos através do bisavô. Mas por que precisamos de um outro sacerdócio, se já temos o levítico? A resposta encontramos na própria Palavra, que diz que se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico, pelo qual Israel recebeu a lei no Sinai, que necessidade haveria de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não pertencesse ao sacerdócio de Arão? Se a Primeira Aliança tivesse sido sem defeito, nunca se teria buscado lugar para a Segunda! Então se vivemos debaixo das leis de uma Segunda Aliança, que a Primeira sirva de testemunho para essa! O texto diz que se há mudança de sacerdócio, faz-se necessária também mudança da lei! Ôpa! Este Melquisedeque é sacerdote para sempre, mas o mandamento anterior é ab-rogado (gr.athetesis), ou seja, abolido, anulado, removido, rejeitado por causa de sua fraqueza e inutilidade! Por que? Porque a Torah jamais aperfeiçoou coisa alguma, de sorte que um novo caminho de vida nos foi apresentado para nos achegarmos a Deus! Que é o que importa no fim das contas! Todavia o espírito de religiosidade do judaísmo e a judaização das práticas aprendidas na Nova Aliança continuam exercendo seu poder sutil de ultrajar o Espírito da graça! Há muitos que reconhecem que Jesus é o Messias, mas se pudessem trazer o Senhor para participar das cerimônias e tradições previstos na lei, seria o melhor dos mundos! E a graça? A graça é só um detalhe! É fato que toda a lei que inspirava o Antigo Testamento foi removida pelo próprio Deus! Hoje, vivemos sob uma Nova Aliança, uma Aliança melhor, superior, firmada sob melhores promessas. Esta Nova Aliança é uma Aliança que Deus fará com a Casa de Israel quando virá o Libertador e desviará de Jacó as impiedades (Rm.11:26). Judeus salvos nesta dispensação são remanescentes, segundo a eleição da graça (Rm.11:5). Não temos mais tempo de nos confundir a respeito deste assunto: nossa Constituição é o Novo Testamento, a lei terminou sua carreira na cruz de Cristo! Não há lei mosaica depois de Cristo! A lei foi dada por intermédio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo. Um trouxe uma coisa; outro trouxe outra coisa! A lei tem a sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas. E quando Deus diz Nova Aliança, significa que a Primeira tornou-se antiquada. Ora, aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer.


Os que defendem uma restauração da lei ou o caráter perpétuo de parte dela dizem que o sábado deve ser guardado ainda hoje porque é um estatuto perpétuo. Mas sabemos que o sábado era um sinal entre Deus e Israel (Êx.31:13-16)! Ora, esta lei perpétua diz que se o sábado fosse profanado, as pessoas deveriam morrer, como punição! Logo, se esta lei estivesse em vigor ainda hoje, ele deveria ser guardada como a lei exige! Deixar de fazer desse jeito é concordar que ela não está realmente valendo nos nossos dias! Então, podemos concluir que as expressões para sempre e perpétuo, que traduzem o hebraico olám (que também pode ser traduzido por longa duração) não significam, necessariamente, que tais leis não têm fim. Existem muitas outras práticas que Deus disse para sempre, mas que definitivamente têm cessado: a Páscoa, os dias festivos, o sacrifício de animais, por exemplo. A Torah passou a ser um testemunho e um verdadeiro celeiro de memoriais que profetizaram no passado uma realidade espiritual realizada no Novo Testamento! As expressões perpétuo e para sempre, referem-se a um período de tempo indefinido, ou seja, a uma dispensação. E sabemos que todo esse caráter perpétuo do Antigo Testamento desemboca na cruz de Cristo, que é o fim da lei. Se eu continuo matando cordeiros na época da Páscoa até os dias de hoje, e não entendo o seu caráter profético que prefigura Cristo - o Cordeiro de Deus - então encontrei um caminho sem a justiça de Deus e, portanto, a morte! Dessa forma, vamos considerar perpétuo como se o Senhor estivesse dizendo: perpétuo até aqui, pois a partir daqui minhas leis são outras! Perceba que no contexto de Êxodo 31:13-16, o caráter eterno do sábado abrange exclusivamente as gerações de Israel! Pode ser difícil para os judeus ou judaizantes entenderem esse conceito, mas isso prova que a prática do sábado, bem como todas as outras práticas do Antigo Testamento cessaram porque vivemos outra dispensação, a da Igreja, não a de Israel da Primeira Aliança! É nesse espírito que devemos entender Deuteronômio 4:2, quando a palavra que Deus dera a Israel por meio de Moisés era completa e suficiente para orientar o povo. Qualquer acréscimo ou diminuição da lei de Moisés não seria tolerada por Deus . . . até que Ele determinasse o fim de sua vigência, que é Cristo! As leis de Deus não podem sofrer emendas, acréscimos ou supressões através de legislações humanas! Novas Constituições somente são possíveis com autorização de Deus, pois é Ele mesmo quem as elabora! Em Apocalipse 1:3 está registrada uma bem aventurança para todos aqueles que leem e ouvem as palavras proféticas ali registradas e que guardam as coisas que nela estão escritas. No último capítulo, João - na realidade o próprio Senhor Jesus - alerta para que ninguém acrescente ou exclua nada que Ele determinou, sob pena de sofrer as consequências das pragas que estão detalhadas nas profecias de Apocalipse, e perder a salvação. O Apocalipse está conectado com toda a Palavra de Deus, portanto, torna-se impossível falsificar este livro, sem ferir o que Deus concedeu antes!


 
 
 

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