Jesus em Gênesis
- Rubens Szczerbacki
- 4 de nov. de 2021
- 16 min de leitura

Bereshit Bará Elohim Êt Hashamayim Veêt Haáretz. No princípio, criou Deus os céus e a terra (Gn.1:1). Esta é uma tradução simples. Talvez uma outra tradução pudesse expressar com um pouco mais de detalhes o significado real deste primeiro versículo da Torá. Em primeiro lugar a expressão bereshit tem raiz em rosh, que significa cabeça. E quando lemos a expressão bará na sequência, estamos falando de um princípio absoluto, onde céu e terra foram criados a partir do nada. Ou seja, aquilo que a expressão latina ex-nihilo quer nos ensinar, que Deus criou do nada, quando nada havia! Em Hebreus 11:3, lemos que pela fé, entendemos que os mundos, pela palavra de Deus, foram criados, de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente. Ocorre que Aquele quem criou do nada é Elohim, cujo real significado, antes de qualquer análise ou revelação do significado do Nome, é algo que está no plural. Então pensamos logo em deuses. Será que os judeus adoram deuses? E então nos deparamos com duas expressões et (álef-tav), que em termos de gramática hebraica não faria qualquer sentido, da mesma forma que o texto de Zacarias 12:10, que nos traz: VEHIBITU ELÁI ET ASHER DAQÁRU, onde literalmente o que estamos lendo é: OLHARÃO PARA MIM [Yehová, o Rei de Israel, o Messias, o Redentor de Israel], O PRIMEIRO (ALEF) E O ÚLTIMO (TAV), A QUEM TRASPASSARAM!
Todos sabemos que o Álef é a primeira letra do alfabeto hebraico, assim como Tav é a última, assim como o Alfa é a primeira, e o Ômega, a última letra do alfabeto grego.
No princípio era o Verbo. Agora é o Verbo! E no fim também será o Verbo! Este é o mesmo Verbo que fez o mundo (Jo.1:10), que Se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade (Jo.1:14), o qual sem Ele nada do que foi feito se fez (Jo.1:3). O mesmo que se chama Verbo de Deus, que virá com um manto salpicado de sangue, conforme Ap.19:13. Verbo traduz a expressão grega Logus, que na teologia significa preceitos ou palavras de Deus, a essencial palavra de Jesus Cristo em união com o Pai, em graça, sabedoria e poder. O Verbo é a Palavra viva, a Palavra em ação e unção, cuja graça, sabedoria e poder estão plenamente descritos nas Escrituras, desde Gênesis a Apocalipse, desde a Criação até o Juízo Final. O Verbo é o Princípio e o Fim, o Alfa e o Ômega, o Álef e o Tav, o Primeiro e o Último (Ap.22:13). De eternidade a eternidade (Sl.90:2). Jesus Cristo. Yeshua HaMashiach. Cantai a Deus. O Seu Nome é JA, o Seu Nome é Yeshua HaMashiach (Sl.68:4).
Assim diz o SENHOR, Rei de Israel, seu Redentor, o SENHOR dos Exércitos: Eu sou o primeiro e eu sou o último, e além de mim não há Deus (Is.44:6).
Dá-me ouvidos, ó Jacó, e tu, ó Israel, a quem chamei; eu sou o mesmo, sou o primeiro e também o último (Is.48:12).
Então nos deparamos com a revelação daquilo que é plural, pois Aquele que diz que é o primeiro e o último é o mesmo que diz: Também a minha mão fundou a terra, e a minha destra estendeu os céus; quando eu os chamar, eles se apresentarão juntos (Is.48:13). E quem é Este senão o Senhor, que traduz Yehová? Então Yehová é Adonai! Adonai é YHWH! YHWH é Yeshua Hanótzri Wumélech HaYehudim! YHWH é o Álef-Tav, que criou os céus e a terra, que criou todas as coisas! Yeshua é Deus! Ele e o Pai são Um (Jo.10:30)! Aleluia! Assim, uma tradução literal e autoexplicativa para Gênesis 1:1 poderia ser:
No princípio absoluto [BERESHIT], quando nada existia, Deus criou do nada [BARÁ ELOHIM], na Pessoa dAquele que é o Princípio e o Fim [ET], os céus [HASHAMÁIM]; e na Pessoa dAquele que é o Princípio e o Fim [VEÊT], a terra [HAÁRETZ]!
Mas Deus é Elohim! Isso significa que a Divindade é composta por pelo menos duas Pessoas! E então somos apresentados ao Espírito de Elohim, Ruach Elohim, o Espírito de Deus, que também é uma Pessoa (Gn.1:2)! E por Esse Espírito temos a revelação da Divindade formada pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo. Ou seja, o Pai é uma Pessoa; o Filho é uma Pessoa; o Espírito do Pai também é o Espírito do Filho, é o Espírito Santo, e também é uma Pessoa! Mas não estamos falando de deuses, mas de Deus! Três Pessoas, mas uma Divindade indivisível, eterna, infinita e autoexistente! Agora o texto de Gênesis 1:26 faz sentido: NAASSÉH (Façamos) ADAM (o homem) BETSALMÊNU (à nossa imagem) KIDMUTÊNU (conforme a nossa semelhança). Pois se não houvesse ao menos duas Pessoas conversando (afinal, o termo façamos é primeira pessoa do plural do imperativo afirmativo, bem como primeira pessoa do plural do presente do subjuntivo do verbo fazer), talvez Deus estivesse com algum problema, falando sozinho, com Ele mesmo!
Pela Escritura, Deus fala em linguagem que o homem possa entender Seus projetos, sendo que o centro deste grande propósito é a revelação de Seu filho amado e Seu grande plano de Salvação através do sangue por Ele derramado na cruz do Calvário para conceder arrependimento e remissão de pecados (Lc.3:3; 24:47; At.5:31). Cristo e Sua cruz são o tema central de toda a Palavra. Assim, toda a Escritura converge para a Pessoa de Yeshua e, em toda a Bíblia, espalhado pelos seus 66 livros inspirados, são-nos revelados os atributos da Pessoa de Jesus: Sua preexistência, Divindade, santidade, eternidade, autoexistência, encarnação, justiça, graça, humanidade, entendimento, conhecimento e ciência, submissão, sofrimentos, vida e morte, ressurreição, ascensão, autoridade, sacerdócio, realeza, sublimidade, infinitude, soberania, sabedoria, conselho e fortaleza, o propósito para o fim dos tempos etc. Por esse motivo, a Bíblia não pode ser lida como um mero livro de histórias e narrativas, pois em suas letras ela é, por excelência, a manifestação de Deus através da Pessoa de Jesus, sob a unção do Espírito Santo e o poder do Altíssimo. Portanto, só pelo Espírito do Senhor, podemos conhecer as profundezas do Pai reveladas através de Seu Filho. Esta é única forma de estudarmos e entendermos a Bíblia. É por esse motivo que aprendemos que nenhuma profecia da Escritura provém de particular interpretação (2Pe.1:20).
Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus (1Co.2:10).
Certamente que a identificação de Jesus no Antigo Testamento tem caráter diferente quando comparado com o Novo Testamento. No Antigo Testamento Cristo é revelado através de sombras, teofanias[1] e tipologias[2].
Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem (Hb.10:1).
Aprendemos pela Palavra de Deus e também nos livros paralelos que exploram cenários bíblicos, que Gênesis é o livro das origens, apresentando a narrativa da criação do começo de tudo: do universo, dos céus e da terra, da vida vegetal, animal e do homem. Fala também da instituição da família, da origem do pecado e suas consequências (a queda, a ruína, a corrupção do homem como imagem e semelhança de Deus, a morte etc.), narra o drama do Dilúvio, de Noé e sua família e da necessidade de redenção a uma humanidade caída. Em Gênesis, Deus escolhe um povo representado por patriarcas como Abraão, Isaque, Jacó e José para guiar e revelar Sua natureza, atributos e propósitos a todos os seus descendentes. Mas onde encontrar Jesus, em Gênesis?
1) JESUS – O DEUS SEM GENEALOGIA
A primeira imagem que me vem à mente quando penso em Jesus, em Gênesis, é a figura de Melquisedeque. É tão evidente sua tipologia, pois primeiramente aprendemos que Melky Tsedek, em hebraico, significa meu rei é justiça. Isso bastaria para associarmos a figura de Melquisedeque à Pessoa de Jesus. Se não bastasse, Melquisedeque era sacerdote do Deus Altíssimo (hb. El-Eliyon). Além de rei de justiça, era rei de Salém [Jerusalém], i.e., rei de shalom, rei de paz! Melquisedeque surge misterioso, do nada (Gn.14:18) e traz pão e vinho – elementos evidentes da carne e do sangue de Jesus – e assim ministrou a primeira Ceia narrada na Bíblia. Além disso, recebeu dízimos de Abrão, configurando sacerdócio de maior ordem que o sacerdócio levítico.
O SENHOR jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque (Sl.110:4).
Este sacerdócio segundo o Rei de Paz e de Justiça, ou seja, segundo Melquisedeque, é o sacerdócio eterno – sacerdócio de Cristo! Todo esse contexto pode ser confirmado na narrativa de Hebreus 7:1-17:
Porque este Melquisedeque, rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, que saiu ao encontro de Abraão, quando voltava da matança dos reis, e o abençoou, para o qual também Abraão separou o dízimo de tudo (primeiramente se interpreta rei de justiça, depois também é rei de Salém, ou seja, rei de paz; sem pai, sem mãe, sem genealogia; que não teve princípio de dias, nem fim de existência, entretanto, feito semelhante ao Filho de Deus), permanece sacerdote perpetuamente. Considerai, pois, como era grande esse a quem Abraão, o patriarca, pagou o dízimo tirado dos melhores despojos.
Ora, os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm mandamento de recolher, de acordo com a lei, os dízimos do povo, ou seja, dos seus irmãos, embora tenham estes descendido de Abraão; entretanto, aquele cuja genealogia não se inclui entre eles recebeu dízimos de Abraão e abençoou o que tinha as promessas. Evidentemente, é fora de qualquer dúvida que o inferior é abençoado pelo superior (Hb.7:5-7). Aliás, aqui são homens mortais os que recebem dízimos, porém ali, aquele de quem se testifica que vive. E, por assim dizer, também Levi, que recebe dízimos, pagou-os na pessoa de Abraão. Porque aquele ainda não tinha sido gerado por seu pai, quando Melquisedeque saiu ao encontro deste. Se, portanto, a perfeição houvera sido mediante o sacerdócio levítico (pois nele baseado o povo recebeu a lei), que necessidade haveria ainda de que se levantasse outro sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque, e que não fosse contado segundo a ordem de Arão? Pois, quando se muda o sacerdócio, necessariamente há também mudança de lei. Porque aquele de quem são ditas estas coisas pertence a outra tribo, da qual ninguém prestou serviço ao altar; pois é evidente que nosso Senhor procedeu de Judá, tribo à qual Moisés nunca atribuiu sacerdotes. E isto é ainda muito mais evidente, quando, à semelhança de Melquisedeque, se levanta outro sacerdote, constituído não conforme a lei de mandamento carnal, mas segundo o poder de vida indissolúvel. Porquanto se testifica: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque (Hb.7:8-17).
2) JESUS – O DEUS CRIADOR
O evangelho de João nos ensina que todas as coisas foram feitas por intermédio de Jesus e que sem Ele, nada do que foi feito se fez (Jo.1:3). De tal sorte que se Deus disse para que houvesse luz (e assim foi), firmamento no meio das águas, que estas se ajuntassem num só lugar e fossem povoadas por seres viventes e aparecesse a porção seca, ou que surgissem o sol e a lua para iluminarem a terra, além de estrelas por todo o universo, que a terra fosse sobrevoada por aves e produzisse animais e répteis ou, acima de todas as Suas obras criadas, formasse o homem à Sua imagem e semelhança, gerando vida a partir de Seu próprio fôlego – tudo passou a existir, e nada disso teria existido se o Senhor Jesus não tivesse trazido à existência! Ele chama à existência as coisas que não são como se já fossem (Rm.4:17)! Ora, o Antigo Testamento fala de Deus, como um Deus Único – na Torá encontramos Echád, mas os judeus entendem Yachid (Dt.6:4)! Sim, desta forma os judeus entendem Deus! Mas à Igreja do Senhor foi derramado o Seu Espírito, e através do Seu Santo Espírito temos a revelação da Triunidade divina. Por isso afirmamos, tomando por base Jo.1:3, que a Pessoa de Jesus Cristo participou ativamente de todos os atos da criação. Não queremos afirmar que Ele participou sozinho, mas que certamente estava presente em todos os atos criadores, como afirma a Escritura.
o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos; aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória (Cl.1:26-27).
3) JESUS – A SEMENTE DA MULHER
Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar (Gn.3:15).
Quando falamos em encontrar Jesus no livro de Gênesis, referimo-nos à futura vinda do Messias. Certamente os aspectos messiânicos trazem consigo um tema que aponta para o futuro. Fala-se de Adão, de Eva e da serpente do Éden, mas a mensagem também é para tempos posteriores. Essa perspectiva está perfeitamente delineada em Gênesis 3:15, onde a inimizade está configurada: de um lado a serpente, do outro, a mulher; de um lado Satanás, de outro, o descendente ou a descendência, a semente da mulher, fonte da redenção.
O versículo, chamado de protevangelium (a primeira visão do evangelho) profetiza uma luta extensa entre os descendentes da serpente, que aqui disfarça a figura de Satanás, e o descendente da mulher, que segundo a maioria dos comentários, é tanto coletiva como individual, pois considera-se Cristo como o último Adão (1Co.15:45). Entretanto, o texto precisa ser analisado à luz da epístola Aos Gálatas, onde o apóstolo Paulo afirma que as promessas feitas por Deus a Abraão, descritas em Gn.12:3,7, foram dirigidas a ele e a seu descendente (singular), enfatizando que não fora aos descendentes ou descendência como se falando de muitos, mas referindo-se a Cristo (Gl.3:16), o que é bem mais coerente e mais profundo com o plano de salvação: visualizar Cristo, e não a raça humana, esmagando a cabeça da serpente (Rm.16:20). Somente em Cristo, o descendente ou a semente da mulher, tal vitória poderia ser alcançada. Na realidade, o primeiro homem, Adão, como cabeça da humanidade, precisou transferir para a mulher e sua descendência (Gl.4:4) uma luta que havia perdido! Ele perdeu a primeira luta, mas o último Adão – Cristo Jesus - venceu e nos fez mais que vencedores nEle! (Rm.8:37). Protagoniza-se, assim, o antagonismo entre o bem e o mal, bem como a vitória do homem, a princípio derrotado pelo pecado, mas vencedor em Cristo. A serpente agora rasteja sobre o pó da terra (Gn.:14). O calcanhar não é um fim em si mesmo, mas o caminho para contaminar o sangue com sua peçonha mortal. Ocorre que ela tentou lançar seu veneno para contaminar o sangue dAquele em que o veneno jamais faria qualquer efeito! O sangue de Cristo! (2Co.5:21; Hb.4:15). A cabeça da serpente tinha de ser esmagada. O homem poderia fazer isso? Não, ele tinha se tornado escravo dela. O homem poderia satisfazer as reivindicações de Deus? Não. Somente através do sangue de Cristo. Portanto, se o sangue de bodes e de touros e a cinza de uma novilha, aspergidos sobre os contaminados, os santificam, quanto à purificação da carne, muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo! (Hb.9:13-14). O resultado da luta está perfeitamente determinado na cruz do Calvário, onde Cristo, publicamente, despojou principados e potestades, expondo-os ao desprezo, para que as milícias celestiais não ficassem com qualquer dúvida quanto a Sua vitória (Cl.2:15), da mesma forma que os filisteus somente se conformaram com a derrota de Golias e fugiram, quando viram a cabeça decepada do gigante nas mãos do rei Davi (1Sm.17:51). Assim, Cristo fica perfeitamente evidenciado como a semente da mulher.
4) JESUS – A COBERTURA EFICAZ
Abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si (Gn.3:7).
Fez o SENHOR Deus vestimenta de peles para Adão e sua mulher e os vestiu (Gn.3:21). Embora alguns teólogos afirmem que enxergar a vestimenta de peles como prenúncio da expiação seria forçar o seu significado, a verdade é que existe uma grande diferença entre uma obra feita pelo homem e uma obra realizada por Deus. A obra humana é sempre imperfeita, factível de erros e corruptível; a obra de Deus é perfeita, inerrante e incorruptível. Deus Se recusou a aceitar as folhas de figueira como vestes de Adão e Eva, e imolou animais para fazer vestimentas de pele que os cobrissem. A princípio, este fato prefiguraria o sacrifício de Cristo no Calvário, a necessidade da expiação do sangue em virtude da vida (Lv.17:11) e do sacrifício de uma vida inocente em favor de um culpado. De fato, a vestimenta de peles tinha como princípio o derramamento de sangue. Isto é tão inegável quanto profundo. As folhas de figueira apontam para o esforço humano, como se o homem pudesse justificar-se a si mesmo. Da mesma forma que a justiça de Deus é revelada no Calvário, a justiça do homem é mostrada por suas obras, manchadas de sangue por suas próprias mãos. Quando vestido com folhas de figueira, o sentimento de nudez permanecia afligindo a Adão, todavia, quando vestido com a túnica de peles, sentia-se perfeitamente coberto, como um pecador se sente seguro na certeza que Deus o vestiu. Agora, Adão podia descansar em Deus.
O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente . . .Cobrir-te-á com as suas penas, e, sob suas asas, estarás seguro; a sua verdade é pavês e escudo (Sl.91:1,4).
5) JESUS – O NOIVO AMADO
Encontramos no capítulo 24 de Gênesis uma figura da missão e do testemunho do Espírito Santo. Eliézer, o servo de Abraão, o mais antigo da casa (vs.2), na procura de uma noiva para Isaque, em um testemunho que ecoou fundo no coração de Rebeca, pois sua resposta ao chamado do servo de Abraão foi enfática: irei (vs.58). Rebeca não respondeu tendo conhecido Isaque, mas tendo crido no servo de Abraão. Da mesma forma a Igreja responde ao chamado do Espírito Santo. Por que me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram (Jo.20:29). Rebeca creu e estava pronta para empreender uma viagem no mesmo espírito que Abraão fora convidado para sair de sua terra e sua parentela, as mesmas de Rebeca. Pela fé. Estava pronta a desapegar-se de seus valores familiares para conhecer uma perspectiva mais sublime. Com a Igreja não é diferente. A visão e os valores antigos caducam em prol de uma nova realidade: olha-se para o céu, não mais para a terra, torna-se o maior quando se é o menor, sente-se a dor do próximo como se doesse em nós, o prazer em servir é maior do que ser servido, ama-se o próximo como a nós mesmos. Tudo o que pertencia a Isaque passou a pertencer a Rebeca, assim como tudo aquilo que é de Cristo foi concedido à Igreja. Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas, disse certo homem ao irmão do filho pródigo (Lc.15:31)! O juramento entre Abraão e o servo tinha como objetivo a procura de uma noiva para o filho. A chamada de Rebeca fora fundamentada sobre uma aliança entre Abraão e o seu servo. É o Espírito que conduz a Igreja ao encontro com Cristo. Foi o servo de Abraão que conduziu Rebeca ao encontro com Isaque (vs. 65). Isaque é um tipo evidente de Cristo, pois é o filho da promessa. De Rm.9:7 e Hb.11:18 lemos que em Isaque será chamada a tua descendência.
Vós, porém, irmãos, sois filhos da promessa, como Isaque (Gl.4:28).
O casamento de Isaque com Rebeca é figura evidente do casamento entre Cristo e a Igreja, assim como Boaz e Rute ou Salomão e Sulamita. A noiva para Isaque fora providenciada pelo pai. Não podia ser qualquer uma, muito menos qualquer uma. Isaque é o grande objetivo de todos os propósitos de Abraão. Jesus é o grande objetivo de todos os desígnios do Pai. É interessante observar que enquanto Abraão teve uma escrava (Agar), Sara e Quetura como mulheres e Jacó teve Raquel, Leia e duas concubinas (Bila e Zilpa), Isaque só teve uma esposa. Grande é este mistério, mas eu me refiro a Cristo e à igreja (Ef.5:32).
6) JESUS – O HOLOCAUSTO PERFEITO
Na realidade, Pai e Filho são apresentados de maneira indiscutível neste drama de fé. Primeiramente porque Deus parece fazer questão de dizer a Abraão que o filho que deveria ser sacrificado não era o primogênito ou o mais novo. Não havia escolha já que Isaque era o único, unigênito, tão unigênito para Abraão como Jesus o é para o Pai na descrição de Jo.3:16. Isaque fora entregue por Abraão como oferta a Deus da mesma forma que Jesus foi propiciado. Ambos amados e oferecidos por seus pais.
Ao terceiro dia Abraão contemplava de longe o lugar onde seu filho amado deveria ser sacrificado . . .ao terceiro dia . . .o lugar estava vazio. Era a visão da fé, pois por Hb.11:17-19, aprendemos que ele esperava que Isaque ressuscitasse (Pela fé, Abraão, quando posto à prova, ofereceu Isaque; estava mesmo para sacrificar o seu unigênito aquele que acolheu alegremente as promessas, a quem se tinha dito: Em Isaque será chamada a tua descendência; porque considerou que Deus era poderoso até para ressuscitá-lo dentre os mortos, de onde também, figuradamente, o recobrou.). Abraão estava preparado para perder tudo, menos Deus. A fé que o justificou quando creu em Deus se tornaria impotente sem Deus, mas ele também foi justificado quando ofereceu Isaque, seu filho. Eis o grande amigo de Deus (2Cr.20:7; Is.41:8; Tg.2:23)!
quando disse: Importa que o Filho do Homem seja entregue nas mãos de pecadores, e seja crucificado, e ressuscite no terceiro dia (Lc.24:7). A colocação da lenha nos leva a meditar no fato de o próprio Senhor ter, Ele próprio, carregado a sua cruz, conforme Jo.19:17. Jeová-Jiré – o Senhor proverá o Cordeiro para o holocausto. Quanta instrução! Quanta graça!
7) JESUS – IRMÃO E AMIGO
ANALOGIAS ENTRE JOSÉ E JESUS






8) JESUS – O GOVERNANTE ETERNO
Judá, teus irmãos te louvarão; a tua mão estará sobre a cerviz de teus inimigos; os filhos de teu pai se inclinarão a ti. Judá é leãozinho; da presa subiste, filho meu. Encurva-se e deita-se como leão e como leoa; quem o despertará? O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha Siló; e a ele obedecerão os povos. Ele amarrará o seu jumentinho à vide e o filho da sua jumenta, à videira mais excelente; lavará as suas vestes no vinho e a sua capa, em sangue de uvas. Os seus olhos serão cintilantes de vinho, e os dentes, brancos de leite (Gn.49:8-12). A profecia de Jacó, pouco antes de sua morte, acerca de Judá, nos remete à profunda meditação a respeito de seu cumprimento. Judá significa louvado. Se traduzíssemos do original, em hebraico, leríamos: Louvado, teus irmãos te louvarão. A profecia messiânica afirma o governo do Senhor sobre as nações, à semelhança de Is.9:6-7 (Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do SENHOR dos Exércitos fará isto.) ou do Sl.2:8 (Pede-me, e eu te darei as nações por herança e as extremidades da terra por tua possessão.). A expressão filhos de teu pai pode ser uma alusão à Igreja, onde lemos em Is.45:23 e Rm.14:11 que todo joelho se dobrará diante do Senhor. Encurva-se e deita-se como leão e como leoa; quem o despertará? É uma evidente menção do poder e da autoridade de Jesus (Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. – Rm.8:33; Ainda antes que houvesse dia, eu era; e nenhum há que possa livrar alguém das minhas mãos; agindo eu, quem o impedirá? – Is.43:13). Eis o contato que passamos a ter com o Leão da Tribo de Judá. E disse-me um dos anciãos: Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, que venceu para abrir o livro e desatar os seus sete selos (Ap.5:5).
Siló, Siloé (do hebraico Shiloh) significa provavelmente aquele a quem pertence ou é enviado. Embora alguns afirmem que o nome Silo não conduz a nenhum evento messiânico, isso não anula o fato de que a passagem é recheada de caráter messiânico. Lavar Suas roupas em vinho e Sua capa em sangue de uvas forma conexão direta com Lv.16:24; Is.63:16 e Ap.19:13. Este ato Lhe dá plena honra e direito para governar eternamente. É do Senhor, e somente dEle o direito de governar sobre os povos. Judá permanece com o cetro até que o Messias venha, pois o tal bastão de autoridade Lhe pertence.
[1] Teofania – manifestação visível do próprio Deus no Antigo Testamento. [2] Tipologia – no aspecto bíblico são todos os elementos incluindo-se pessoas, narrativas, estruturas etc., que servem de prefigurações ou alusões às realidades espirituais que encontramos no Novo Testamento. [3] José – Jeová tem acrescentado.
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