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O Fim da Torá é Yeshua

  • Foto do escritor: Rubens Szczerbacki
    Rubens Szczerbacki
  • 12 de nov. de 2020
  • 10 min de leitura

A primeira carta de João foi escrita para combater o gnosticismo[1], sendo que o primeiro capítulo foi dirigido, especificamente, para judeus que confessavam a Jesus, mas que inventaram uma heresia e se desviaram da verdade. Certamente por serem judeus, conheciam confissões de pecados, mikvah[2], batismo para arrependimento e quetais.

Li sobre um tal Cerinto, um dos primeiros líderes do antigo gnosticismo, nascido lá pelos idos dos anos 100 d.C., que foi reconhecido como um heresiarca pelos primeiros cristãos, devido aos seus ensinamentos sobre Jesus Cristo e suas interpretações sobre o cristianismo. Ao contrário dos ensinamentos da cristandade ortodoxa, a escola gnóstica de Cerinto seguia a lei judaica, usava o Evangelho dos Hebreus, negava que o Deus supremo tivesse feito o mundo físico, bem como recusava a divindade de Jesus. Na interpretação de Cerinto, o espírito do Messias teria vindo sobre Jesus no momento do seu batismo, guiando-lhe em todo o seu ministério, mas abandonando-o momentos antes de sua crucificação. O ensino de Cerinto baseava-se no dualismo gnóstico entre o espiritual e o material, que negava a possibilidade de Deus - um Ser espiritual - ter se tornado homem (matéria).

Sempre imaginei uma lista de pecados para a morte, e outra, de pecados que não levariam à morte. Por exemplo, prostituição, corrupção ou adultério estariam na relação de pecados seríssimos, se comparados com fofoca ou mentira, que estariam incluídos em outro índice! Assassinatos e estupros estariam no top 10, mas enganar o amigo, roubar o irmão ou não amar o próximo, não deveriam ser tão sérios! Minha cabeça procurava discernir pecadinhos e pecadões.

Lendo a primeira epístola de João, percebemos que a Igreja traz para si o contexto de 1Jo.1:10. Se dissermos que [nós, a Igreja] não pecamos [como os gnósticos diziam], fazemo-lo [a Deus] mentiroso, e a sua palavra não está em nós. João não está escrevendo para a Igreja, mas para os gnósticos! E somente nestes termos pude entender o cenário de 1Jo.5:16-17!

Se alguém vir seu irmão cometer pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida [gr.zoe] àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore. Toda iniquidade é pecado, e há pecado que não é para morte.

Dessa forma aprendemos que existem dois tipos de pecado: um para a morte; outro que não é para morte! Ora, se o salário do pecado é a morte[3], mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor, concluímos que quando estamos em Cristo e mesmo assim tropeçamos, o pecado não tem mais poder sobre nós, já que nascemos para a vida, somos novas criaturas e recebemos a natureza de Deus! Isso, qualquer que tenha sido o tamanho do pecado cometido!

Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive no pecado; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca[4].

Assim, se o teu irmão tropeça por algum motivo, ore por ele para levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima! Um processo de crescimento espiritual e de santificação pela Palavra, precisa ser operado nele . . . e em todo crente! Se pecamos e não queremos mais incidir no mesmo erro, precisamos transformar nossa mente, mudando de atitude em espírito de humildade, reconhecendo que falhamos (evitando aquele sentimento aterrador de remorso), clamando a Deus por Sua ação sobre nós, pois será impossível haver frutos, se dependermos dos nossos próprios esforços.

É neste contexto que entendemos a impossibilidade daqueles que foram uma vez iluminados, que provaram o dom celestial e a boa palavra de Deus, e se fizeram participantes do Espírito [ . . . ] e depois caíram [pecaram], sejam outra vez renovados para arrependimento, pois novamente estariam crucificando para si mesmos a Cristo, e expondo-o ao vitupério[5]!

Pergunta: quando é que o pecado é para a morte? Resposta: quando você vive debaixo da Torá! isso significa que a natureza do pecado ainda habita em você! Se você ainda não recebeu a natureza de Deus, então você ainda está debaixo da lei e não da graça, e o pecado, implacável, vai te dominar[6]! Você permanece escravo dele! E este pecado te levará à morte, pois por obras da lei ninguém será justificado. O preço cobrado pelo pecado, inevitavelmente, é a morte! E se anulamos a graça de Deus e permanecemos vivendo a justiça mediante a Torá, então Yeshua morreu em vão[7]!

Ora, sabemos que tudo o que a Torá diz, aos que vivem debaixo da Torá o diz, para que se cale toda boca, e todo o mundo seja condenável diante de Deus[8], pois lemos que todos aqueles que são das obras da lei estão debaixo de maldição; pois está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas na Torá, para praticá-las[9], pois aprendemos também que mesmo que guardemos toda a Torá, mas tropecemos em um só mandamento, nos tornamos culpados de todos[10]. Assim, se estivermos debaixo da Torá e vivermos para cumprir suas obras, todo e qualquer mandamento não obedecido nos levará à morte! A Torá é espiritual, santa, justa, boa e perfeita, mas o pecado é cruel, frio, monstruoso, tirano e hediondo!

Toda a iniquidade é pecado, mas Cristo fez cair sobre Si a iniquidade de todos nós. Se recebemos esta palavra de graça mediante a fé, então mesmo quando pecamos, não o fazemos porque somos pecadores, não o praticamos porque temos a natureza do pecado, mas por vivermos ainda num corpo de humilhação a ser transformado por Jesus Cristo para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de sujeitar a si todas as coisas[11].

Lembrando que graça não é licença para pecar, mas capacitação para vencer o pecado! Estar debaixo da graça não significa dizer que o pecado não mais existe, como pensavam os gnósticos, que diziam ser o pecado uma percepção falsa da carne, uma ficção, um devaneio.

Ocorre que aquele que crê em Cristo não carrega mais dentro de si a natureza do pecado! Observe: estou falando de natureza, de espírito interior! Natureza do pecado ou natureza de Deus? Assim, não somos mais pecadores, mas santos! Ou não? Afinal, somos santos ou pecadores? Houve ou não uma conversão? Santos, com certeza! Se assim não nos conscientizarmos, viveremos numa esquizofrenia espiritual como diz o pastor Maurício Fragale, da Nova Igreja. O texto de 1Jo.4:17 nos diz que tal como Jesus é, somos nós também neste mundo. Assim, se Ele é santo, eu também sou! Afinal, como poderíamos estar assentados Nele nas regiões celestiais e termos uma natureza diferente? Não somos membros do Seu Corpo?

Na cruz, a natureza do pecado foi aniquilada pelo poder do sangue e do Nome de Cristo, e os que passam a crer nesse milagre único recebem, pela fé, a natureza santa de Deus! Bingo! Estamos salvos para a eternidade e livres para viver uma vida com Deus! Yeshua é o verdadeiro Deus e a vida eterna[12]! Tropeçamos, sim, mas o pecado que nos levaria à morte, com base na Torá, perdeu suas prerrogativas sobre nós, pois não estamos mais debaixo da lei, mas da graça[13]! O fim da Torá é Cristo! Não se trata de fim como finalidade ou objetivo da lei, mas na cruz de Cristo, a Torá não tem mais para onde caminhar! Sua carreira termina ali! Fin![14]!Ende! The End! Endikn!

Porque todos os 613 mandamentos da Torá se cumprem numa só palavra: Amarás o teu próximo como a ti mesmo[15]. Ou até mesmo o texto de Levítico 19:18 (amarás ao teu próximo como a ti mesmo) pôde ser modificado por Cristo para que vos ameis uns aos outros como eu vos amei (Jo.13:34)! Só Ele tem autoridade para fazer perdurar uma lei, acrescentar uma lei ou modificar uma lei!

O pecado foi atraído à cruz com toda a força da lei, mas caiu na cilada quando ali chegou! A cruz era um campo fértil de maldição, mas lá ele se encontrou com o Deus do universo! Este foi o azar do pecado! E do diabo! Deus estava em Cristo naquela cruz, reconciliando o mundo consigo mesmo[16]! Mais do que isso: ali estavam Deus, você, eu, ela, este, aquele, aquele outro, o irmão, a tia, o primo, o vizinho, o pai, a mãe e os que viriam a crer em Cristo em toda a jornada humana . . . Então o pecado pediu reforço às tropas da lei! E foram enviados todos os 613 torpedos disponíveis no arsenal da Torá pra destruir Aquele que não tinha pecado, mas que se fez pecado por nós! Aleluia! Está consumado! É o fim da linha para a Torá, pois Cristo foi o único que cumpriu seus 613 mandamentos! Somos livres! Não há mais nenhuma condenação para os que estão em Cristo[17]! O justo pela sua fé viverá[18]! Que pérola preciosa nos deixou Habacuque no Tanach! Na cruz, Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se Ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito aquele que for pendurado no madeiro[19]). O diabo e sua obra foram derrotados na cruz!

Quem comete o pecado é do diabo, porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo[20].

E elas foram desfeitas no Gólgota!

Em suma[21]: Sabemos que a Torá não é pecado, mas eu não conheci pecado, senão através dela! Foi pela Torá que eu tomei conhecimento de que não deveria cobiçar, adulterar, roubar, matar, dar falso testemunho etc.! Mas com base na Torá o pecado despertou em mim toda a sorte de concupiscência, porque sem lei não há motivo para o pecado se manifestar! O pecado não é levado em conta quando não há lei. Quando não havia Torá, eu vivia, mas quando o mandamento inundou meus pensamentos, o pecado criou corpo e nenhum outro destino para a minha vida seria possível, se não a morte! Sabemos que a Torá é espiritual, boa, justa e santa, mas em Adão somos escravos do pecado. Somente a lei do Espírito da vida, em Yeshua, foi capaz de nos livrar da lei do pecado e da morte, e gerar em nós vida abundante e vida eterna! O que a graça fez por nós através de Cristo, de Sua cruz e do Seu sangue derramado no Calvário, a Torá não foi capaz de fazer! Deus enviou Seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa; e na carne, o pecado foi condenado! Glória a Deus!

- Onde está o teu poder, agora, sr. pecado? Tua força estava na Torá, mas Deus nos deu a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo! Cadê a tua vitória, sra. morte? Tua arma era o pecado, e agora você é uma derrotada, sobrepujada e dominada!

O que precisamos insistentemente é do conhecimento e da ação da Palavra em nós, operando santificação e transformação constantes! A isso chamamos metanoia. A natureza do pecado (gr. hamartia) foi aniquilada no corpo de Cristo! Estávamos mortos em nossos delitos, mas pela graça, favor imerecido, onde não existe qualquer mérito em nós, Cristo nos ressuscitou e nos vivificou juntamente com Ele, e nos fez assentar nas regiões celestiais Nele[22]. Em suma, somos salvos pela graça por meio da fé. Leiamos com atenção o capítulo 2 da carta de Paulo aos efésios, pois há uma riqueza incomensurável de revelações do Espírito ali sobre este tema!

Não mais será possível a ação da morte sobre aqueles que possuem a natureza de Deus! Se alguém vir seu irmão cometer pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Não que ele ainda não tivesse recebido, mas ele recebe graça sobre graça e vida em abundância, de fé em fé! A graça é farta, não tem limites!

Sendo engenheiro, cada vez que medito sobre santos e pecadores, minha mente remete para manutenções preventivas ou corretivas em grandes obras de engenharia elétrica, quando cabos de energia de bitolas grandes e variadas precisam ser trocados periodicamente, seja por desgaste natural ou porque estão subdimensionados, bem como painéis de energia, disjuntores e outros dispositivos elétricos. Ocorre que muitas vezes eles são tão difíceis de serem substituídos, que a melhor opção para os técnicos e engenheiros é desconectá-los e deixá-los onde estão, como se ali fora seu próprio cemitério, e tão somente instalar os novos!

Não é o nosso novo nascimento assim? A nova natureza nos é conectada em Cristo! Às vezes a gente esbarra um cabo novo num fio antigo desencapado e gera um curto-circuito ou pequenas centelhas que não podem mais fazer grandes estragos, pois o novo projeto já está em operação! Os novos cabos estão ligados ao novo painel elétrico, que aponta para Cristo e Sua graça! Agora o sistema está dimensionado corretamente! O alarme pode tocar vez por outra, isto é, todos nós podemos tropeçar . . . e pecamos mesmo! Mas se isso acontece, a equipe de plantão da manutenção - a Palavra - verifica o que ocorreu, regula alguma coisa aqui, outra ali, e a energia é acionada novamente, ou seja, estamos em Cristo! O pecado não vai mais prevalecer! A Torá não tem mais como preponderar, pois apenas nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé[23]! Os cabos inoperantes serão apenas uma lembrança do passado; a Torá passou a ser um memorial que nos remete ao legalismo, à nossa infância espiritual e à religiosidade.

Paulo escreveu aos romanos que o pecado não mais teria domínio sobre nós, pois não estamos debaixo da lei, mas da graça[24]! O pecado continua habitando, ávido para ser reconectado como aquele cabo elétrico inoperante, mas não tem a força de antigamente, do tempo da lei! Parece aquela tampa do caixão que se mexe nos filmes de Drácula, interpretados por Bela Lugosi ou Chistopher Lee! O pecado não tem mais a quem recorrer, pois sua fonte estava na lei! E a lei foi totalmente cumprida na cruz! A lei é totalmente subdimensionada diante da graça! O inferno aparece com opções mirabolantes e pareceres técnicos bizarros, como geradores de energia fake, tentando reconectar os cabos antigos, mas eles estão enferrujados e improdutivos, pesados e velhos como Eli, sacerdote do Senhor, quando caiu da cadeira e morreu quando se lhe quebrou o pescoço[25]. Os novos cabos só podem ser conectados aos novos painéis de distribuição - em Cristo! Glórias a Yeshua HaMashiach!

Esta é a graça! Já não temos mais a possibilidade de reconectar os cabos antigos! Todavia, se nos dão a opção de trocar os cabos antigos por novos, dimensionados adequadamente, mas optamos em negligenciar e insistir em manter os subdimensionados, impossível será sermos justificados, e o curto-circuito terá, certamente, consequências catastróficas. Poderá haver incêndios e explosões, e será o fim! Há pecado para morte, e por esse não digo que ore!

Pecado para a morte é aquele que é cometido sem possibilidade de justificação, que não provém da fé, sob a lei, que a ninguém justifica diante de Deus; pecado que não é para a morte é aquele que você comete, não mais como consequência de uma natureza pecaminosa! É como um erro trivial em uma prova de matemática quando você está fazendo um doutorado em engenharia! Não se espera mais este tipo de erro, todavia, em hipótese alguma, você deixará de receber seu título! Ele é seu por graça, errando ou não, e não por seus próprios esforços.

Conheçamos e prossigamos em conhecer ao SENHOR; como a alva, a sua vinda é certa; e ele descerá sobre nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra[26].

[1] movimento religioso, de caráter sincrético e esotérico, desenvolvido nos primeiros séculos de nossa era à margem do cristianismo institucionalizado, combinando misticismo e especulação filosófica. [2] é um banho usado com o propósito de imersão ritual no judaísmo para alcançar a pureza ritual. [3] Rm.6:23 [4] 1Jo.5:18 [5] Hb.6:4-6 [6] Rm.6:14 [7] Gl.2:21 [8] Rm.3:19 [9] Gl.3:10 [10] Tg.2:10 [11] Fp.3:21 [12] 1Jo.5:20 [13] Rm.6:14 [14] Gr. teleos [15] Gl.5:14 [16] 2Co.5:19 [17] Rm.8:1 [18] Hc.2:4 [19] Gl.3:13 [20] 1Jo.3:8 [21] Parágrafo com base em Rm.7. [22] Ef.2:6 [23] Gl.3:24 [24] Rm.6:14 [25] 1Sm.4:18 [26] Os.6:3


 
 
 

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