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Riquezas da Injustiça - Pregação aos Mortos

  • Foto do escritor: Rubens Szczerbacki
    Rubens Szczerbacki
  • 4 de mar. de 2021
  • 14 min de leitura

Atualizado: 4 de mar. de 2021

É notório que há muitos textos bíblicos de difícil interpretação. No entanto, não sou daqueles que pensam que algumas dessas narrativas somente serão reveladas depois da volta do Senhor ou na eternidade. A Palavra de Deus é para a Igreja. A Igreja é o Corpo do Renovo que sai das raízes do rebento que brota do tronco de Jessé – Cristo. E sobre Ele repousa o Espírito do Senhor, o Espírito de sabedoria e de inteligência, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor (Is.11:1-2)! Os anjos sabem muitas coisas, têm informações históricas da eternidade passada, mas a Igreja tem o Espírito e, portanto, a fonte de toda revelação.

Dois textos entre tantos me chamam atenção por suas peculiaridades e dificuldades de compreensão: a parábola do mordomo infiel, descrita em Lucas 16:1-13; e o contexto sobre pregação aos mortos, encontrado na primeira carta de Pedro nos capítulos 3:18-21 e 4:4-6.


AS RIQUEZAS DA INJUSTIÇA


A parábola do mordomo infiel consta somente no evangelho de Lucas (Lc.16:1-13), mas ela não se inicia em Lucas 16! Ela parece ser complemento de uma conversa que o Senhor tem com cobradores de impostos e outros, que se estendem desde as parábolas da ovelha e da dracma perdida (Lc.15:1-10) até a parábola do filho pródigo (Lc.15:11-32), ambas igualmente somente narradas no evangelho de Lucas. O assunto é: resgatar o que se havia perdido, ou seja, almas, vidas! O Senhor quer recuperar aquilo que Lhe pertence! Por isso, a cruz! E o dinheiro é o melhor elemento para se fazer analogia nestes casos. Afinal, para rir se fazem convites, e o vinho alegra a vida, e por tudo o dinheiro responde. (Ec.10:19).


Chegavam-se a Jesus todos os publicanos e pecadores para ouvi-Lo. Escribas e fariseus não descolavam seus ouvidos. Era o cenário ideal para o Senhor proferir Suas parábolas. Através delas ensinava e conversava com os simples, ao mesmo tempo em que despachava Sua crença aos hipócritas e fofoqueiros de plantão, que O criticavam e queriam matá-Lo! Cobradores de impostos eram bastante impopulares no primeiro século d.C., especialmente entre os judeus, que se sentiam explorados por Roma. A parábola da ovelha, da dracma perdida, bem como a conhecida parábola do filho pródigo, trazem uma mensagem implícita a respeito daquilo que era importante para o Senhor: Ele não vai permitir que se perca indefinidamente aquilo que Lhe pertence! Sua mente e Seu ministério focam somente a salvação da humanidade! Se uma dentre cem ovelhas se perdeu, Ele irá atrás dela até encontrá-la, da mesma forma que uma mulher que perdeu uma dracma[1], tendo dez, se empenhará por achar a moeda perdida. E o mesmo tema se aprofunda na parábola do filho pródigo, quando aquele que se havia perdido em dinheiro e prazeres do mundo, volta para a casa do pai. Primeiro, uma ovelha; depois, uma moeda; por fim, um filho! Mas no fundo, vidas retomadas e salvas para a eternidade!

Havia um homem rico que tinha um administrador; e este lhe foi denunciado como quem estava a defraudar os seus bens. Então, mandando-o chamar, lhe disse: Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, porque já não podes mais continuar nela. Disse o administrador consigo mesmo: Que farei, pois o meu senhor me tira a administração? Trabalhar na terra não posso; também de mendigar tenho vergonha. Eu sei o que farei, para que, quando for demitido da administração, me recebam em suas casas. Tendo chamado cada um dos devedores do seu senhor, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu patrão? Respondeu ele: Cem cados[2] de azeite. Então, disse: Toma a tua conta, assenta-te depressa e escreve cinqüenta. Depois, perguntou a outro: Tu, quanto deves? Respondeu ele: Cem coros[3] de trigo. Disse-lhe: Toma a tua conta e escreve oitenta. E elogiou [louvou] o senhor o administrador infiel porque se houvera sabiamente [prudentemente], porque os filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz. E eu vos recomendo [aconselho]: das riquezas de origem iníqua fazei amigos; para que, quando aquelas vos faltarem, esses amigos vos recebam nos tabernáculos eternos. Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco também é injusto no muito. Se, pois, não vos tornastes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta, quem vos confiará a verdadeira riqueza? Se não vos tornastes fiéis na aplicação do alheio, quem vos dará o que é vosso? Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um e amar ao outro ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. (Lc.16:1-13)


O contexto fala de um mordomo que administrava os bens de seu patrão, um homem rico. Foi denunciado por defraudá-lo e, por esse motivo, demitido. Ele precisa pensar numa forma de se sustentar, já que tem idade e está fisicamente limitado, além de envergonhado para esmolar. Então ele projeta uma forma de ser recebido na casa das pessoas [alusão a tabernáculos ou moradas eternas – vs.9], mas para isso, precisa encontrar motivos para que estas o recebam em seus lares.

Assim, ele chama cada um dos devedores do seu patrão e adultera o compromisso de dívida, favorecendo cada um dos que estavam em débito. Fato é que o homem rico descobriu a negociata, mas mesmo assim, reconheceu e elogiou a atitude do mordomo por haver procedido daquela forma desonesta. O fato de o senhor elogiar o mordomo não significa que ele aprovava sua atitude, mas que reconhecia a capacidade que teve para resolver uma questão séria de sobrevivência! E mais: pôde observar que os filhos do mundo são mais interesseiros, inteligentes, sábios, espertos e prudentes, do que os filhos da luz!

Dando feições teatrais, é como se Jesus expusesse aos discípulos:

- O que vos parece, Pedro? E você, Tiago? Que cara esperto! O cara dá nó em pingo d’água, hein João! Ele aplicou dinheiro que não era dele para obter dividendos em benefício próprio! Mas talvez não seja tão esperto como pensa! Vou dizer pra vocês quem é o verdadeiro esperto! Mas saibam de uma coisa: tudo vai depender da visão de cada um! Se o foco de vocês estiver no mundo, o vosso deus é o dinheiro, é Mamom. Mas se mirarem o Reino de Deus, então vocês são os mais espertos! E o meu Pai é o vosso Pai! Vou ensinar a vocês a serem sábios com as riquezas deste mundo! Apliquem o dinheiro de forma inteligente, de tal sorte que o retorno deste investimento traga para vocês um ganho eterno. Como? Investindo no Reino de Deus, fazendo amigos e irmãos por meio do evangelho, de sorte que estes vos sejam eternamente gratos! Este é o melhor investimento que vocês podem fazer! O melhor Banco onde vocês podem deixar aplicado o vosso dinheiro é o Reino de Deus! Almas serão salvas, e um dia, quando vocês não estiverem mais neste mundo, o sorriso daqueles que foram salvos, frutos de um coração aberto para semear na obra do Pai, acompanharão vocês por toda a eternidade. Qualquer um pode ganhar amigos para o Reino dos Céus sendo fiel, pregando a Palavra, ofertando, orando, intercedendo, suprindo necessidades materiais e também espirituais.


Imaginem, por exemplo, a repercussão que pode ter no Reino dos Céus se um dia você abriu teu coração para abençoar alguém que não tinha condições financeiras para aprender a ler ou estudar. E um dia este homem se torna um grande evangelista e através da unção que Deus derramou sobre ele, milhares de pessoas receberam a Jesus em seus corações e têm seus nomes inscritos no livro da vida! Será tão fictícia essa história? Quantos serão os amigos que te receberão em tabernáculos eternos? Vede o quão esperto você foi!


Jesus ensina que quando fazemos pequenas coisas na obra de Deus (por exemplo: estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me - Mt.25:36), demonstramos fidelidade à Palavra e, sendo fiéis nas mínimas atitudes, coisas maiores nos serão confiadas. Se tivemos a oportunidade de ajudar alguém e negligenciamos ou desprezamos tal ocasião, então estamos sendo injustos com referência aos valores do Reino e, assim, como Deus nos confiará as verdadeiras riquezas? Mais ainda: se nós não soubermos lidar com aquilo que é dos outros, o que haveremos de receber?


Por esse motivo Jesus deixa claro que somos espertos, em função do deus que escolhemos, pois não é possível servir a dois senhores: ou servimos a Mamom e desprezamos ao Deus vivo, ou amamos a Cristo e odiamos o diabo!

Jesus deixa claro que devemos ganhar amigos com as riquezas das injustiças, colocando à disposição do Reino nossos recursos financeiros neste mundo para que através deles, sendo fiéis, Ele nos confie os verdadeiros tesouros! Se colocamos aquilo que Deus tem posto em nossas mãos a serviço da obra de Deus, então estamos granjeando amigos! O Senhor Jesus deseja que saibamos usar o dinheiro de forma sábia para ganhar almas.

É o mesmo espírito da parábola dos talentos[4], descrita em Mateus 25:14-30 e Lucas 19:11-27. Um homem, simbolizando o Senhor, ausenta-se do país, chama seus servos e lhes distribui os seus bens para que fossem aplicados, segundo a capacidade de cada um. Quando o homem retorna de sua viagem, aqueles que tiveram a capacidade de multiplicar os talentos recebidos são elogiados por sua fidelidade e têm como recompensa serem colocados para administrar coisas maiores e, mais do que isso, a ter paz com o patrão. A recompensa se baseava na fidelidade, não nos resultados. Todavia, aquele que havia recebido o menor valor, ou seja, que a princípio parecia ser mais fácil fazer render o que recebeu, foi infiel e infrutífero. Os destinatários da graça herdam bênçãos desmedidas, além da vida eterna e do favor de Deus. Assim, aqueles que são infiéis e negligenciam os valores do Reino, que desprezam os tesouros de Deus, enterrando-os e se agarrando aos valores deste mundo, perderão tudo o que possuem. Mas onde está o coração de Cristo quando ensinou esta parábola? A resposta está: na salvação de almas!


Eu vos digo: granjeai amigos com as riquezas da injustiça para que quando estas vos faltarem [QUANDO VOCÊS NÃO TIVEREM MAIS NESTE MUNDO], os recebam eles [AQUELES GANHOS COM O SEU INVESTIMENTO] nos tabernáculos eternos [CÉU].

E assim haverá uma grande festa no céu porque o Senhor Jesus disse: para que os teus amigos te recebam [em festa] nos tabernáculos eternos!


Usem o dinheiro de forma inteligente, não para serem oportunistas e desonestos, pensando em vocês mesmos, mas para ganhar almas! Apliquem a esperteza visando o Reino! Se vocês forem fiéis com as coisas mais simples, também serão fiéis com coisas incorruptíveis, pois o vosso caráter se manifesta nas menores coisas! Se vocês se comportarem como espertalhões que defraudam a todos com o dinheiro, ninguém vai confiar a vocês as verdadeiras riquezas!

Assim, um dia veremos o resultado de todo o nosso trabalho, toda atividade que participamos aqui na Terra para que o nome do Senhor Jesus fosse proclamado e, através do seu Nome, vidas fossem resgatadas e salvas!


PREGAÇÃO AOS MORTOS


Este é um outro texto considerado difícil de ser interpretado. Afinal, as expressões pregou aos espíritos em prisão (1Pe.3:19) oufoi pregado o evangelho também aos mortos (1Pe.4:6), não parecem fáceis de serem absorvidas na mente do leitor da Palavra. Pregar está associado a salvar, é algo direcionado aos vivos, exatamente para que não morram espiritualmente. E não aos mortos! Se lêssemos que o evangelho foi pregado aos mortos, talvez não tivéssemos tanta dificuldade de entender. Afinal, sem Cristo estamos mortos [espiritualmente] mesmo! Mas pregado também aos mortos, então é sinal de que aos vivos [na carne] foram anunciadas as boas-novas, bem como aos que já morreram [na carne].


Porque também Cristo morreu uma só vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; sendo, na verdade, morto na carne, mas vivificado no espírito; no qual [Espírito] também foi [ao Inferno], e pregou aos espíritos em prisão; os quais [espíritos agora em prisão] noutro tempo [quando estavam vivos, ainda na carne] foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava, nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas, isto é, oito almas se salvaram através da água. (1Pe.3:18-21)

No período entre a morte e a ressurreição do Filho, a Palavra foi anunciada por Cristo aos espíritos no Hades[5], entre eles, aqueles que viveram em rebeldia nos dias de Noé, conforme o texto de 1 Pedro. Antes da cruz de Cristo, todos desciam ao Sheol[6], mas há um cativeiro que foi levado ao céu[7] [quando Ele subiu às alturas], cujas almas, até então, não habitavam em sofrimento (Lc.16:19-31)! Jacó não queria que Benjamim seguisse com os irmãos para o Egito, e disse para os filhos que se algo acontecesse com ele, desceria com tristeza ao Sheol (Gn.42:38). Ninguém imagina Jacó ou qualquer patriarca descendo ao Sheol, permanecendo com a alma em tormento!


Para estes, dando asas à imaginação, Jesus poderia ter dito: em breve estaremos para sempre nas moradas que meu Pai está preparando! Esse cativeiro será levado cativo por Mim ao Paraíso, e dons serão concedidos aos homens. Em contrapartida, o texto refere-se aos espíritos presos eternamente por rebeldia!


Ora, somente oito almas se salvaram no tempo de Noé! Logo, além destas oito vidas, as demais foram condenadas! Condenadas para sempre! Daquela geração, ninguém mais entrou na arca! A arca era o refúgio de Deus. E então veio o juízo – o Dilúvio! A proclamação do evangelho [pregar aos espíritos em prisão] não poderia jamais ter como consequência a salvação dos transgressores encarcerados, mas teria sido algo que tinha por objetivo atestar a justiça de Deus, revelando e justificando o motivo de estarem ali! É como se Cristo dissesse: esperei, esperei, meu Pai foi longânimo, mas vocês não quiseram ouvi-Lo! E estão aqui porque foram rebeldes enquanto vivos na carne!


Qualquer pregação fora deste contexto estaria desalinhada com a essência da Palavra! Atentemos para o fato de que Cristo, na época de Noé, não havia sido revelado ainda como Senhor e Salvador, mas a rebeldia do homem, em qualquer dispensação, leva ao seu afastamento eterno de Deus!


Lemos em 1Pe.4:6, que o evangelho tambémfoi pregado aos mortos. E quando o texto enfatiza também, é porque quer chamar a atenção de algo sobrenatural, pois espera-se que o evangelho seja pregado aos vivos – não aos mortos – aí, sim, com vistas ao arrependimento e à salvação dos homens!


Ora, pois, já que Cristo padeceu por nós na carne, armai-vos também vós com este mesmo pensamento, que aquele que padeceu na carne já cessou do pecado; para que, no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus. Porque é bastante que no tempo passado da vida fizéssemos a vontade dos gentios, andando em dissoluções, concupiscências, borrachices, glutonarias, bebedices e abomináveis idolatrias. E acham estranho não correrdes com eles no mesmo desenfreamento de dissolução, blasfemando de vós. Os quais hão de dar conta ao que está preparado para julgar os vivos e os mortos. Porque por isto foi pregado o evangelho também aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito. (1Pe.4:6)


Certamente a inserção de ambos as expressões – vivos e mortos – visa dar maior destaque aos mortos (que viveram na carne, mas estão mortos), cujas almas estão cativas no Inferno! O foco e a ênfase aqui é a pregação aos condenados! Essa é a questão a ser entendida à luz da Palavra! Que sentido faz pregar aos condenados? Como isso se compatibiliza com o contexto bíblico e com a teologia? É certo que quando anunciamos algo de bom – no caso, o evangelho – o fazemos aos vivos, a fim de proporcionar uma esperança de vida e anunciar um caminho de salvação! Como seria possível modificar o status espiritual de alguém que viveu, morreu e não creu em Deus? Certamente não estamos nos referindo ao purgatório[8] católico!

Ocorre que a referência aqui não é a uma pregação que aponte para a aceitação de Cristo como Senhor e Salvador, mas à proclamação da vitória Daquele pelo qual somos exortados a sermos discípulos, cravando a carne na cruz e vivendo em espírito. Se Cristo sofreu por nós, na carne, tendo sido feito pecado, e o pecado cessou na Sua morte, então este cenário deve nortear o nosso pensamento e a nossa forma de viver. A partir da cruz temos uma nova natureza que rege nossas vidas, a natureza do próprio Deus (gr. zoe)! Dessa forma, o tempo que nos resta nesse mundo, neste tabernáculo, deve ser vivido não mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus, pois basta o que fizemos no passado, quando dávamos vazão aos desejos da carne. E somente a Palavra será capaz de operar em nós transformações no espírito, que nos façam, a cada dia, sermos mais parecidos com Cristo, mortificando a carne e vivendo em espírito! Para que Cristo pudesse julgar a todos [vivos e mortos] e ser justo, o evangelho foi proclamado também aos mortos, que não temiam a Deus! E para que pudessem ser julgados com justiça, uma explicação precisava ser dada pelo Senhor! Quem morreu e está em cadeias, precisa saber por que está em prisão! Pois diz a Palavra, em Romanos 2:14-16, que quando os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, as coisas que são da lei, servem eles de lei para si mesmos, já que mostram sua própria lei gravada em seus corações, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-os ou defendendo-os, no dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o evangelho.

Quando chegar o dia do juízo final e os livros[9]forem abertos, ali estarão escritos em detalhes as ações rebeldes destes homens! Esta é a justiça de Deus!

Mas qual evangelho deveria ser pregado a estes espíritos em cadeias? O que poderia ser pregado àquelas almas, aos que estão mortos e encarcerados? Ninguém deve imaginar que mortos levantarão suas mãos para crer que Jesus é o Messias e recebê-Lo como Senhor e Salvador, quebrando-se-lhes, assim, os grilhões e abrindo-se-lhes a porta da morte para a vida! Estes foram rebeldes!

Importante observar que o grego kerusso traduz pregar, mas também significa anunciar, proclamar abertamente, ser um arauto, publicar. Ou seja, não se trata de pregar o evangelho para que o Espírito [neste contexto, o próprio Cristo] opere no homem a obra de convencimento do pecado, e sejam justificados pela fé, mas trata-se de uma proclamação!


Podemos divagar Cristo descendo ao Hades e anunciando:

- Eu sou Jesus! Derramei sangue, venci a morte, tomo do diabo as chaves deste lugar, e logo ressuscitarei.

- Quando foi isso?

- Desde a fundação do mundo!

- Mas jamais ouvimos falar de Jesus!

- Eu sei! Mas vocês se rebelaram contra o meu Espírito!

- Quem é Este?

- É o Espírito de meu Pai! E o meu Espírito também!

- Não conhecemos teu Pai!

- Sim, conhecem! Pois o que Dele se pode conhecer foi manifesto entre vocês por Ele mesmo! Seus atributos invisíveis, assim como o Seu eterno poder e Divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Por isso, não há desculpa! Vocês conheceram a Deus, mas não O glorificaram como Deus, nem Lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, e o coração de vocês se tornou insensato.

- Quando agimos assim?

- Quando não seguiram a lei dos vossos próprios corações! Sua própria lei e vossa própria consciência os acusam! Por isso agora estão aqui presos neste lugar de tormento até o juízo final! Viveram dissolutamente e blasfemando de meu Pai! Assim, serão julgados conforme aquilo que praticaram quando viviam, i.e., quando habitavam um corpo físico [segundo os homens na carne], conforme o mal que praticaram, escrito em seus corações.


Porque por isto foi pregado o evangelho também aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito.

Em 3Jo.1:11 lemos: Amado, não sigas o mal, mas o bem. Quem faz o bem é de Deus; mas quem faz o mal não tem visto a Deus. Em Dt.30:15 Moisés propõe ao povo de Israel a vida e a bênção; a morte e a maldição, e sugere que escolham a vida!


Aqueles condenados poderiam ter vivido como homens de Deus, enquanto vivos, i.e., num corpo físico, mas vivendo em espírito, tendo mortificado a carne! Não entrariam em juízo, mas teriam passado da morte para a vida (Jo.5:24)!


Porque, se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas, se pelo Espírito, mortificardes os feitos do corpo, certamente, vivereis. (Rm.8:13)


Porque, por isto, foi pregado o evangelho também aos [que agora estão] mortos [como espíritos aprisionados], para que, na verdade, fossem julgados segundo os [atos dos] homens, na carne, mas vivessem segundo [de acordo com] Deus, em espírito [tendo mortificado a carne].

Em suma:

Porque por isto Cristo, quando esteve no Inferno, no período entre a Sua morte e ressurreição, proclamou Sua vitória também aos mortos, que se encontram ali em espírito, para justificar a cada um deles, o motivo pelos quais estavam ali presos, para expor que aquilo era um ato de justiça de Deus! Ora, os homens na carne são julgados enquanto vivos, pela sua crença! Se não conheceram a Cristo, então suas consciências e seus próprios pensamentos os defenderão ou os acusarão! Dessa forma, os mortos foram julgados e condenados com base na lei de seus próprios corações! Como se estivessem ainda vivos, na carne, quando deveriam ter mortificado sua carne, crido em Deus e sido espirituais.

E já está próximo o fim de todas as coisas; portanto, sede sóbrios e vigiai em oração. [para que sejais encontrados irrepreensíveis diante Dele e possam receber, como vivos, os vossos galardões pelo que fizeram por meio do corpo].

[1] Moeda grega mais ou menos equivalente ao denário romano (Mateus 2:2; 22:19), no valor aproximado de um dia de salário. [2] Um cado é o mesmo que um bato, medida judaica para líquidos (cerca de 40 litros). [3] O coro é a maior medida seca hebraica (i.e, para trigo, cereal etc.), cerca de 10 a 11 alqueires (350 a 400 l). [4]Medida de peso, não uma moeda específica, de modo que o talento de ouro era mais valioso que um talento de prata. [5] Termo grego para inferno, sepultura espiritual, habitação das almas dos mortos. [6] Termo hebraico para inferno, sepultura espiritual, habitação das almas dos mortos. Ver Gn.42:38. [7] Sl.68:18; Ef.4:8 [8] Na teologia católica, lugar onde as almas dos que cometeram pecados leves acabam de purgar suas faltas, antes de ir para o paraíso. [9] Ap.20:12







 
 
 

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