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Seu nome está no Livro da Vida?

  • Foto do escritor: Rubens Szczerbacki
    Rubens Szczerbacki
  • 13 de set. de 2021
  • 10 min de leitura


Gmar Chatimá Tová é uma frase dita na forma de um desejo, entre Hosh Hashaná[1] e Yom Kipur[2], cujo sentido é para que sejamos inscritos e selados no Livro da Vida. Os termos gmar[3] e chatimá[4] não são encontrados na Torá. São expressões talmúdicas.

Confesso que não tinha uma ideia clara do significado dessa frase, dita nesse período de festas. Então fui buscar no Tanach seu fundamento e inspiração, tomando como centro da pesquisa aquilo que tivesse qualquer contexto com expressões associadas a Livro da Vida.

O primeiro texto que encontrei está em Êxodo 32:33 (Então, disse o SENHOR a Moisés: Riscarei do meu livro todo aquele que pecar contra mim). Certamente trata-se de uma referência implícita ao Livro da Vida. Isso foi uma resposta de Deus depois do povo ter pecado, tendo feito para si deuses de ouro, enquanto aguardava Moisés descer do Sinai com a lei. Moisés intercedeu junto ao Senhor para que o pecado do povo fosse perdoado e ainda colocou sua própria vida para ser desconsiderada, assumindo toda a responsabilidade pelo pecado cometido por Israel, dizendo que se o povo não fosse perdoado, o seu próprio nome poderia ser riscado do Livro da Vida!


Que tipologia perfeita vemos na intercessão de Moisés pelo povo de Israel! Ora, se isso não aponta para Romanos 8:34! (Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus[5] e também intercede por nós). Ou se Moisés, ao propor fazer propiciação pelo pecado de Israel[6], não estava prefigurando a cruz de Cristo, a propiciação perfeita!


Mas Deus não é homem, é Espírito, não age por alma e não Se deixou emocionar com as palavras de Moisés! Ele ouviu o pedido de Moisés, sua chantagem emocional, não lhe respondeu nada e ainda disse: Vai, pois, agora, e conduze o povo para onde te disse; eis que o meu Anjo irá adiante de ti; porém, no dia da minha visitação, vingarei, neles, o seu pecado. Feriu, pois, o SENHOR ao povo, porque fizeram o bezerro que Arão fabricara[7].


Só houve um homem a quem Deus sempre ouvia[8]!

Tiraram, então, a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou porque me ouviste. Aliás, eu sabia que sempre me ouves, mas assim falei por causa da multidão presente, para que creiam que tu me enviaste.

Outro texto está no Salmo 69:28, onde o rei Davi pede que Deus risque seus inimigos do Livro da Vida e não tenham registro com os justos!

Interessante que no Novo Testamento, encontramos 7 referências explícitas ao Livro da Vida (Fp.4:3; Ap. 3:5; 13:8; 17:8; 20:12; 20:15; 21:27).

Encontrei também uma menção implícita sobre o Livro da Vida no capítulo 4 do livro do profeta Isaías[9]. Evidente que Isaías refere-se a Alguém da família de Davi, que não pode ser outro, senão o Mashiach, na figura do Renovo[10] do Senhor (hb.Tsemach Yehová), que será cheio de beleza e glória! Em Jerusalém, os que forem participar dessa salvação serão aqueles inscritos entre os vivos, no Livro da Vida que está com Deus, ou seja, aqueles que por determinação de Deus, serão poupados no Dia do Juízo, chamados de santos! Assim, santo é todo aquele que ficar em Sião e permanecer em Jerusalém, numa prefiguração clara de que são separados do mundo e livres do pecado, obra consumada no Gólgota!

Mas o que seria o Livro da Vida? Dando asas à imaginação, diria que todos os seres humanos foram registrados em um livro, como em um cartório celestial. Davi diz que Deus não encontrou entre os vivos nenhum justo[11], pois todos pecaram e destituídos ficaram da glória de Deus! Ou seja, a queda a partir de Adão impediu que o homem fosse justificado diante do Senhor! Não foi sem propósito que o Senhor Deus fez vestimentas de peles para Adão e Eva[12]. A pele alude ao sangue! É como se o Livro da Vida perdesse seu propósito inicial e se transformasse num Livro da Morte, num registro de atestados de óbito espiritual.

Alguma coisa precisava ser feita para que nossos nomes pudessem, não só serem registrados, mas registrados definitivamente!

E com base na lei de Moisés, pensei: serei um homem piedoso, temente a Deus, procurarei fazer tsedecá[13] e cumprir os 613 mitzvót da Torá. Assim, poderei tomar posse das bênçãos de Deuteronômio[14]e meu nome será inscrito no Livro da Vida! Mas pensei: que será de mim se o Mashiach me pegar cometendo um pecadinho, por menor que seja? Não estou falando naquele pecado de adultério ou cobiçar a mulher do meu vizinho ou roubar gravatas na Quinta Avenida! Não! Falo de coisas menores como se pudéssemos classificar pecadinhos e pecadões! Por exemplo, não dei a primeira tosquia ao sacerdote, simplesmente porque não encontrei nenhum[15]!

Ora, é certo que os 365 mandamentos da lei, do tipo não faça isso, não faça aquilo e os 248 mandamentos do tipo faça isso, faça aquilo, não puderam ser cumpridos por nenhum ser humano, por mais santo e esforçado que fosse! Você conhece alguém? Pois se alguém tropeçar em algum mandamento, certamente será culpado de todos (Tg.2:10)! Não tem meio termo! É sim, sim; não, não! Terá alguém cumprido todos os mandamentos? Talvez algum sábio, Rabi Akiba, Rashi, Ben Zakai, Yosef Caro, Judah ha-Nasi, Maimônides, Nachmânides, o Rebe, Baal Shem Tov, quem sabe? Será que seus nomes estão inscritos no Livro da Vida? Pois se eu cumpro 50 preceitos e tropeço no quinquagésimo primeiro, parece aquele joguinho dos tempos de criança, de dados e piões, que ao jogar o dado, pode cair em uma casa que te obriga a voltar ao início! Assim é a lei! Você jamais alcança o final e se sente sempre culpado e com o peso da frustração, da impotência e da impossibilidade! Sempre faltará algo!

E com isso, continuemos nos esforçando para alcançar uma justificação diante de Deus, cumprindo os 613 mandamentos da Torá! Mas como isso é possível? Como alguém que vive debaixo da lei de Moisés, mesmo a lei sendo boa, justa, santa e espiritual, consegue cumprir todos os seus mandamentos e ser por ela justificado? Onde está este superman?

Então, que me desculpem os sábios, os rabinos e o Talmud, pois se por obras da lei ninguém consegue ser justificado diante de Deus, então Gmar Chatimá Tová é um desejo fake, tão somente religioso, fruto de mera tradição, pois o Livro da Vida estaria completamente vazio, em branco! Seu nome permanece no livro dos óbitos! Você pode refletir como quiser sobre seus erros e acertos, se desculpar pelos erros, comemorar os acertos e seguir adiante que, pelos seus esforços - lamento dizer - seu nome jamais estará ou será inscrito no Livro da Vida! Não, sob tal premissa!

Pois o justo não viverá por seus esforços, mas pela fé! Foi o profeta Habacuque quem mencionou essa pérola espiritual[16]! Esta é uma visão para um tempo determinado[17], e este é o tempo!

Não temos mais o Beit Hamicdash[18]nem sacerdotes para imolar bodes que levem nossos pecados para o deserto, nem faz mais sentido afligirmos nossas almas com jejuns!

Mas no Yom Kipur se fará expiação para que sejamos purificados de todos os nossos pecados! Será mesmo? Ano após ano! Ano após ano! O sumo sacerdote (??) entrará no Santo dos Santos (??), uma vez por ano, não sem sangue, por si mesmo e pela ignorância do povo!

Não temos mais este sumo sacerdote levita, pois houve mudança no sacerdócio! Yeshua é este Sumo sacerdote! Não era levita, mas da tribo de Judá! Pois se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico, não haveria necessidade de ano após ano entrar no Santo dos Santos, pois bastaria uma única vez! Não sendo perfeito, há necessidade que se repita ano após ano, até que venha o Sumo sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque - Rei de Justiça e de Paz[19]!

Ocorre que Ele já veio! Não só veio como foi o Único que cumpriu toda a lei de Moisés! Este é o superman que mencionei acima! Cem por cento homem, cem por cento Deus!

Yeshua cumpriu todo o propósito do Yom Kipur! Entrou com sangue, Seu próprio sangue! Afligiu Sua alma com sacrifício e dores terríveis naquele lugar de maldição, fazendo-se maldição em nosso lugar (Gl.3:13), para que nós não precisássemos afligir as nossas!

Yom Kipur, hoje, é apenas um memorial da cruz de Cristo! Deveria se tornar em dia de ação de graças porque Ele fez expiação por nós! E só assim, celebraremos Shabat como descanso solene[20]. Ele é o nosso Shabat!

Se o sacerdócio levítico fosse perfeito, os sábios não teriam diminuído a Torá, desobedecendo escancaradamente Deuteronômio 4:2 e corrompendo-a como se ela precisasse ser atualizada! Resumindo: o templo foi destruído, rejeitaram Jesus, não havia mais como obedecer as leis cerimoniais que se cumpriram Nele! Então o que restou, se não compilar leis ditas orais e transformá-las em escritos através da Mishná, Guemará, Midrash e, finalmente Talmud? Isso é judaísmo, judaísmo rabínico, judaísmo dos ‘sábios’ e certamente opção para qualquer judeu na face da terra! Então, se você quer judaísmo dessa forma, siga o Talmud e a Halachá[21] dos rabinos, consciente de que isso vai anular a Torá! Mas se você quer uma relação viva com a Pessoa d o Senhor, e não religião, agarre-se com todas as suas forças à Torá e verá que todos os 613 mandamentos da lei se resumem em: amar a Deus de todo o teu coração, com toda sua força, com toda sua alma, com todo o teu entendimento, e ao próximo como a ti mesmo! Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas (Mt.22:40)! Aferre-se à essência da Torá, i.e., como Deus escreveu e a entregou a Moisés, não com adaptações ou versões ou fruto de discussões humanas ou congressos rabínicos! E desfrute de todo o cumprimento de suas promessas nas palavras de Yeshua HaMashiach e dos homens de Deus inspirados por Ruach HaKodesh no Berith Chadashá!

É possível que Deus tivesse que se aposentar ou estivesse com Alzheimer e precisasse da ajuda de homens, de sábios, para reescrever a Torá e adaptá-la aos nossos dias! A ironia vem do pensamento humano que coloca limites para Deus, que não reconhece Sua onisciência, como se Ele tivesse sido pego de surpresa quando o segundo templo foi destruído, impossibilitando que as leis cerimoniais da Torá pudessem ser cumpridas à risca! Ou Ele não sabia que quando o próprio Filho foi entregue como Cordeiro de Deus, num holocausto único e perfeito, não faria mais sentido continuar imolando bodes, touros e novilhos?

Para justificar a inexistência do templo, destruído em 70 d.C., os ‘sábios’ concluíram que a Torá se tornou obsoleta! Então Yehuda Hanasi e a companhia de tanaim[22], decidiram que uma vez não tendo templo, poderiam substituir o sangue por um processo de introspecção, reflexão, oração e arrependimento, conhecido como teshuvá (hb. arrependimento). De acordo com a Mishná, o processo de teshuvá sozinho seria suficiente para atingir expiação para transgressões consideradas leves. Para transgressões mais sérias, a teshuvá suspende a punição até que Yom Kipur chegue e se atinja a expiação! Pronto! Os ‘sábios’ decidiram! E alguém me defina o que são pecadinhos e pecadões!

Mas não está escrito em Levítico que somente o sangue fará expiação pela vida[23]? Como então puderam alterar tal ordenança de Deus expressa na Torá, dando o mesmo peso espiritual do sangue a uma meditação? Com que autoridade puderam subtrair mandamentos da Torá, quando está escrito: Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que eu vos mando[24]. Eu não duvido da capacidade intelectual e da inteligência emocional de homens como os exemplos citados acima. Eu só questiono suas intenções e seu discernimento espiritual!


Escrevi acima: alguma coisa precisava ser feita para que nossos nomes pudessem, não só serem registrados, mas registrados definitivamente! As marcas invisíveis como que em baixo relevo dos nomes originais precisariam de algo transcendental, de uma substância espiritual, de uma química celestial, que ao passar por aquele relevo morto, operasse o milagre da ressurreição! Digo ressurreição, pois meu foco está em ter o nome inscrito no Livro da Vida! E só o sangue de Yeshua, de um Cordeiro perfeito, do próprio Deus, e não de bodes ou touros, seria capaz de tamanho poder, de tamanho amor, de tamanha graça! Só Ele entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, obtendo eterna redenção! Se a aspersão do sangue de bodes e touros e das cinzas de uma novilha santifica os contaminados quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Yeshua, que pelo Espírito eterno se ofereceu imaculado a Deus, purificará a nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo[25]!


E somente a fé - dom de Deus - seria o catalisador deste processo!


Por rejeitarem Yeshua como Mashiach, trocaram o sangue pela oração! O sangue foi transformado num pequeno detalhe, totalmente irrelevante! O que é isso, se não profanar o sangue da Aliança? O sangue é tão importante, que é mencionado 283 vezes no Tanach!


O templo foi destruído, mas Ele é o Templo! Agora podemos entender quando Jesus disse aos fariseus: Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei. Replicaram os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário, e tu, em três dias, o levantarás[26]?


Se o justo viverá pela fé, nossos nomes serão inscritos no Livro da Vida, independente de nossos esforços! Evidente que a fé sem obras é morta! Mas justificação diante de Deus só é possível mediante a fé, ou seja, a firme convicção das coisas que se esperam e dos fatos que não se veem! Crer que nossos esforços nos levarão a Deus e nos justificarão diante Dele é legalismo, tradição, religião e impossibilidade! E quando tivermos os nossos nomes inscritos, será para sempre! Não é atributo do Santo Espírito ficar selando e desatestando nossos nomes, em conformidade com nossas obras, pensamentos e palavras! Se você crer de coração, seu nome será definitivamente inscrito no Livro da Vida do Cordeiro[27]!

Somente a graça de Deus e a fé no Seu Filho nos justificam diante do Pai, e garantem nossos nomes inscritos eternamente no Livro da Vida!

Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus[28].


Como escrito no Salmo 110:1


Disse o SENHOR (hwhy ) ao meu senhor (ynda): Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.


No dia do Juízo, todos os que rejeitaram a Yeshua serão julgados por aquilo que está escrito nos livros a serem abertos, segundo suas obras[29]. Aqueles que têm seu nome arrolado no Livro da Vida não são julgados, pois já passaram da morte para a vida[30]!


Você não precisará dizer: Gmar Chatimá Tová, que você possa ser selado no Livro da Vida, mas como disse Jesus aos discípulos:

Não obstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus[31].

[1] Ano Novo judaico, segundo o Talmud. [2] Dia do Perdão. [3] Tem origem no radical que traduz a palavra “final”, em hebraico. Talmud (Avot 2:16 Yevamot 12:6). [4] Forma de selar ou assinar um documento. Talmud (Pessachim 104). [5] Sl.110:1 [6] Ex.32:30 [7] Ex.32:34-35 [8] Jo.11:41-42 [9] Is.4:1-6 [10] Jr.23:5; Zc.3:8; 6:12 [11] Sl.143:2 [12] Gn.3:21 [13] Caridade [14] Dt.28:1-14 [15] Dt.18:4 [16] Hc.2:4 [17] Hc.2:3 [18] Templo [19] Gn.14:18-20 [20] Lv.23:32 [21] Leis que servem de modelo ético que serve como referência a qualquer praticante da religião judaica. [22] Sábios rabínicos (c. 30-200) cujas interpretações estão registradas na Mishná. [23] Lv.17:11 [24] Dt.4:2 [25] Hb.9:12-14 [26] Jo.2:19-20 [27] Ap.21:27 [28] Hb.12:2 [29] Ap.20:12 [30] Jo.5:24; Ap.20:12 [31] Lc.10:20

 
 
 

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