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Sou batizado no Espírito Santo e jamais falei em línguas estranhas

  • Foto do escritor: Rubens Szczerbacki
    Rubens Szczerbacki
  • 17 de dez. de 2021
  • 17 min de leitura




Que tema bíblico mais confuso! A questão é saber se é confuso porque a Bíblia traz confusão ou se os pentecostais transformaram-no num assunto confuso. Eu prefiro ficar com esta segunda opção. Mesmo porque Deus não é de confusão (1Co.14:33).

Vamos imaginar os discípulos escolhidos por Cristo, sentados diante Dele para conversarem sobre as coisas de Deus no jardim do Getsêmani, em Jerusalém! O Pai e a Pessoa do Espírito Santo estão no céu; o Filho, na terra; a igreja, embrionária. As coisas estão em transição, acontecendo de maneira nova, assombrosa. As experiências vivenciadas pelos discípulos são inéditas e únicas! Eles são os primeiros apóstolos que formam a base da Igreja. Esta deverá atuar pelo poder do Espírito! Mas isso não impede Cristo de soprar Seu Espírito sobre os discípulos! Era uma prefiguração do Pentecostes! (Jo.20:22). Afinal, Ruach Adonai Alai (não é línguas estranhas, é hebraico), o Espírito do Senhor estava sobre Ele (Is.61:1). Quando os discípulos estavam diante do Mestre, Ele realizava neles, a partir deles, com eles, os milagres!

Mas, em meio às conversas informais e ensinamentos mais profundos, Jesus disse que seria necessário passar por sofrimentos, ser rejeitado, assassinado e, ao terceiro dia, ressuscitado. (Lc.9:22). Pedro, chamando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo:

- Nunca, Senhor! Isso nunca te acontecerá! Então Jesus virou-se e disse a Pedro: - Para trás de mim, Satanás! Tu me serves de pedra de tropeço, não compreendendo as coisas de Deus, mas as que são dos homens. (Mt.16:22-23).


Não deve ter sido fácil para os discípulos ouvir esse discurso de Jesus: prestes a perderem o amigo, companheiro, mestre, pai, irmão. Alguém que sempre chegava junto! No entanto, Ele prometeu que não os deixaria órfãos, e que voltaria para eles! (Jo.14:18). Essa era a promessa! Uma promessa que se manifestaria inicialmente no Seu próprio corpo, não glorificado ainda, nos primeiros quarenta dias após a Sua ressurreição, quando apareceu para alguns discípulos, mas que se completaria quando o Espírito fosse derramado sobre eles, em Shavuot, no Pentecoste! Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós. (Jo.14:18). Eu lhes envio a promessa de meu Pai; mas fiquem na cidade até serem revestidos do poder do alto. (Lc.24:49). E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que, disse ele, de mim ouvistes. Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias. (At.1:4-5). Ou seja, aqueles dez dias entre a subida de Jesus e a descida do Espírito foi um período tenebroso, sem a presença de Deus na terra! Como fazer a obra de Deus e encarar potestades, principados e espíritos das trevas, sem o revestimento do poder de Deus? Plano de lógica absoluta!

- O mundo jaz no Maligno! Então, não saiam pelo mundo sem Mim! Mas eu vou para o Pai! Então não saiam pelo mundo sem o meu Espírito! Ele, sou Eu dentro de vós! (Cl.1:27).

- Mas, Senhor, a ti nós vemos! Mas como saberemos que o Espírito Santo estará em nós?

- Ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo! De qualquer forma, vocês verão manifestações nunca dantes vistas! O Espírito virá sobre todos os que creem, desta forma serão revestidos, e quando estiverem completamente imersos no Espírito, dons vos serão derramados como Ele quer! A manifestação do Espírito será dada a cada um para o que for útil (1Co.11:7).


Naquele dia [Shavuot] [não saiam de Jerusalém antes de receberem poder do Alto] conhecereis que (1) estou em meu Pai, e (2) vós em mim, e (3) eu em vós. (Jo.14:20). E isso é graça, dispensação da graça, do Espírito! Mas, quanto desse Espírito recebemos quando cremos? Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo! (Mt.3:11). Ora, Deus não dá o Espírito por medida! (Jo.3:34). O Espírito Santo é uma Pessoa! Não é suco de laranja nem silicone!


Assim, batismo com o Espírito Santo é mergulhar com o nosso espírito na Pessoa do Espírito Santo, que passou a habitar em nós porque o Pai cumpriu Sua promessa! Não vos deixarei órfãos! Os que creram em Jesus ficaram órfãos por dez dias, mas não permaneceram órfãos! Esta é a promessa do Pai para todos os que O recebem, para aqueles que se tornam filhos, para os que creem no Seu Nome! Eu creio que aqui se cumpre a profecia escrita por Asafe no Salmo 82:6 (Vós sois deuses, e todos vós filhos do Altíssimo). Afinal, cada membro justificado pelo sangue de Cristo, cada filho, cada crente em Jesus, passa a carregar a essência de Deus dentro de si, através do Espírito Santo! Isso, porque nosso espírito foi renascido quando cremos! Cristo em nós, o mistério revelado! E quando passamos a crer, não nos tornamos 35% filho, justo a 60%, crente a 80% ou mais ou menos batizados! É sim, sim; não, não! Ou o Espírito está em nós, mergulhamos Nele e somos batizados no Seu Espírito, ou rejeitamos a crença em Cristo, e a ira de Deus permanece sobre nós! Fica claro que o Espírito passou a habitar em nós por promessa, que nos habilitou para receber e manifestar Seus dons para a glória do Pai. Assim, nós temos a unção do Santo! (1Jo.2:20), e mesmo quando estamos fracos, a unção permanece em nós (1Jo.2:27)!


Pensar na possibilidade de que o Espírito nos fosse dado por medida, é o mesmo que crer que as promessas de Jesus somente nos seriam concedidas sob certas condições. Mas nós estamos falando de favor imerecido. Se fosse por mérito, até haveria certa lógica; mas sendo pela graça, resta-nos agir por fé para dela desfrutarmos. Mas certamente há um determinado momento, em um cenário em que o espírito humano renascido é o pano de fundo, onde ocorre uma simbiose espiritual plena com a Pessoa do Espírito Santo, e os dons do Espírito são manifestados! Pela narrativa de Atos 2, línguas pousaram sobre aquelas pessoas como um vento impetuoso, e todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em novas línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem (At.2:2-4). Isso é fato.

Novas criaturas. O ar flui no novo circuito. O Espírito passa a fluir na nova criatura! Nascemos novamente, o espírito renasce, mas dessa vez somos selados pelo Espírito a partir do poder do sangue da cruz. O Espírito Santo só pode agir na nova criatura, renascida da água e do espírito! Já não há mais nenhuma condenação para os que estão em Cristo (Rm.8:1-a), pois agora, não andam mais segundo a carne, mas segundo o Espírito (Rm.8:1-b). Se antes o pecado agiu, matando o homem espiritual, tornando-o corpo e alma; agora ele é restaurado e assumimos a natureza de Deus, pois somos selados pelo Espírito (Ef.1:13)! Não temos mais a natureza de pecadores, assim como não devemos mais desenvolver a consciência do pecado, pois é impossível agora que o diabo mate nosso homem espiritual. Podemos errar em não buscarmos nos encher do Espírito ou até permitirmos que Ele se extinga em nós (1Ts.5:19); podemos estar fracos e não vivermos a plenitude das promessas, mas permanecemos filhos, nascemos de novo e o diabo não tem autorização para nos tocar (1Jo.5:18)! Ele vai tentar repetir sempre o escopo do Éden, mas agora, somos filhos, justificados, amados por Deus! Se pecarmos, temos um advogado (1Jo.2:1). E, libertados do pecado, fomos feitos servos da justiça. (Rm.6:18).


O Espírito flui no santuário! Fomos transformados no santuário de Deus! A Arca está dentro de nós; os atributos da Menorah, todos os elementos do Santo e do Santíssimo Lugar estão em nós! Precisamos aumentar a pressão constantemente e explodir em graça através de manifestações de dons do Espírito Santo em nós!


Não podemos deixar extinguir o Espírito, por negligência ou por desconhecimento! O circuito não pode ter furos ou rasgos que permitam o expurgo do Espírito! Às vezes a gente nem percebe, mas se negligenciamos a Palavra, o Espírito vai se esvaindo - pois Um está sobre Outro - e não produzimos glória para Deus. A unção permanece em nós e nos garante a vida eterna, mas pouco edificamos! Não há meio termo: ou enchemo-nos do Espírito (Ef.5:18) ou Ele se extingue! Bem, mas o batismo com o Espírito Santo é uma experiência diferente! Primeiro, creio, depois recebo!

Jesus levou cativo o cativeiro, que estava longe do Pai! Éramos cativos, formávamos o cativeiro! Estávamos presos! Mas na cruz Jesus nos livrou das garras de Satanás e nos levou cativos para Si! (Sl.68:18; Ef.4:8). Agora, ninguém nos arranca Dele! Somos Um com Ele! E mais: agora estaremos com Ele pra sempre e Seu Espírito habitará em nós. Este é o processo do batismo! Todos nós somos batizados em um só Espírito (1Co.12:13). E o resultado deste batismo é que necessariamente recebemos dons de Sua parte! Jesus levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens (Ef.4:8).

É como o mercúrio no termômetro analógico! Febre de 40.C! Bulbo aquecido! Mercúrio passa do limite! Estoura o limite e quebra o vidro! O mercúrio se perde! Esse é o batismo no Espírito! E então começam as conjecturas: se o mercúrio passou dos limites, isso prova que você foi totalmente imerso no Espírito e que uma manifestação sobrenatural ocorrerá com você: você falará na língua dos anjos! Ah, você não fala? Mas é só abrir a boca!

E de repente veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. (At.2:2-4)

Ora, era necessário acontecer algo que caracterizasse um novo conceito de dispensação, que chamasse a atenção de todos, que não deixasse dúvidas para ninguém, que Deus estava cumprindo Sua promessa: não vos deixarei órfãos! Afinal, como teriam certeza de algo tão profundo, que se realiza no espírito humano, essencialmente metafísico, se não houvesse uma manifestação evidente do poder de Deus? As coisas teriam sido mais ou menos assim:

- Ah, eu fui batizado no Espírito Santo!

- Como assim?

- Sinto uma alegria contagiante como jamais senti!

- Ah, isso é sentimento, não é do espírito, mas da alma!

- Você não entende! Não dá pra te explicar por palavras! Não é emoção!


Sinais sempre foram importantes para atestar situações bíblicas! Estes sinais hão de acompanhar aqueles que creem: em meu nome, expelirão demônios; falarão novas línguas (Mt.16:17); Jesus mostrou sinais nas bodas de Caná para mostrar que era o Messias (Jo.2:11); muitos creram em Jesus vendo os sinais que fazia (Jo.2:23).


As línguas de fogo descritas em Atos 2 não deixaram quaisquer dúvidas de que um novo movimento havia surgido. Assim, as pessoas que inicialmente creram em Jesus, foram batizadas Nele, à base do arrependimento, mas na Sua ausência, um novo evento espiritual haveria de se configurar na vida do justificado: a presença de Deus tabernaculando com poder nos crentes em Jesus, através da Pessoa do Espírito Santo! E no início, todos foram batizados no Espírito Santo com a evidência das línguas estranhas! Se porventura alguém tivesse qualquer dúvida sobre um novo movimento que tinha origem no céu e se manifestava entre homens crentes, bastava olhar um grego falando latim, um romano falando hebraico ou um israelita orando em mandarim!

E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que, disse ele, de mim ouvistes. Porque, na verdade, João batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias. (At.1:4-5). Qual promessa? Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós. (Jo.14:18)[ . . . ] e sereis batizados com o Espírito Santo (At.1:4-5).

Dessa forma, o batismo no (com o) Espírito Santo é uma experiência enviada por Jesus Cristo. Como registrado no Evangelho de Lucas, Jesus o descreveu como sendo a promessa do Pai, através do qual os crentes em Cristo receberiam o poder do Alto. Naquele dia [Pentecostes] conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós. (Jo.14:20).

Em Lucas 11:9; 13, Jesus fala da necessidade de pedir, e estimula os discípulos a pedirem o Espírito Santo ao Pai, que jamais negaria tal pedido!

E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á; Porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á. E qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, também, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente? Ou, também, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem? (Lc.11:9-13)

No texto de Jo.14:16-18, tendo em vista se aproximar o momento de Sua partida, Jesus revela aos discípulos que pedirá ao Pai outro Conselheiro para estar com eles, o Espírito da Verdade. Ele diz que o Espírito Santo estará conosco, que Ele [Jesus] voltaria para nós, não nos deixando órfãos. Ou seja, Ele voltaria através de Seu Espírito. Se esta promessa não estivesse cumprida em nós, estaríamos espiritualmente órfãos, o que não é verdade! Temos um Pai! Mas como alguém poderia pedir o Espírito Santo, se não tinha a menor ideia do que Ele significava? (quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?).

Já vi homens de Deus serem usados no ministério de cura e não falarem em línguas! Então, chegamos ao caso em questão: batismo com Espírito Santo e batismo com Espírito Santo com evidência das línguas: como então concluir que estando o Espírito em nós, é só abrir a boca para falar em línguas? (como alguns afirmam). O que é batismo de alguma coisa? Mergulho! Imersão! Se tenho uma piscina para mergulhar, em algum momento vou querer ficar debaixo d’água e experimentar a sensação de ficar totalmente imerso. No caso do Espírito Santo, foi promessa do Pai, e sem medida! O padrão é este: estar imerso! Mas é evidente que eu preciso manter uma relação de troca e conhecimento constante com a Palavra para que minha piscina permaneça cheia, caso contrário, as águas cobrirão apenas os tornozelos! E basta a mente não estar imersa e então não temos a mente de Cristo! Só temos a mente de Cristo se estivermos totalmente imersos! Portanto, enchei-vos Dele! Se não estivermos cheios do Espírito, a mente fica fragilizada e muito suscetível aos ataques do diabo!


O Espírito não se manifesta sozinho! Jesus e o Espírito Santo andam juntos! Leiamos Isaías 61:1-3; Mt.3:16; Ap.5:6. Então, embora tenhamos sido batizados, se não buscarmos o Senhor, o Espírito vai se extinguindo; mas se buscamos diligentemente, o Espírito há de se manifestar através dos dons, incluindo ou não línguas estranhas. É evidente que diante de um evento tão novo para Israel, sinais seriam necessários! Ou então pareceriam uns loucos, falando as línguas dos outros, como se tivessem bêbados às 9:00 h da manhã em plena Jerusalém do século I!


Em Atos 19:1-6, lemos o seguinte: Enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo atravessado as regiões mais altas, foi a Éfeso e, achando ali alguns discípulos, perguntou-lhes: Recebestes o Espírito Santo, quando crestes? Responderam-lhe eles: Não, nem sequer ouvimos falar que o Espírito Santo é dado. Que batismo, pois, recebestes? Perguntou ele. Responderam-lhe eles: O batismo de João. Paulo, porém, disse: João batizou com o batismo de arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que havia de vir depois dele, isto é, em Jesus. Eles, tendo ouvido isto, foram batizados em o nome do Senhor Jesus. Havendo-lhes Paulo imposto as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e falavam em diversas línguas e profetizavam. Estes, com toda a certeza, precisavam entender a diferença entre os dois batismos! Paulo explicou que o primeiro foi o batismo de João, tendo como base o arrependimento; o segundo era o batismo do Espírito. Se após a imposição das mãos de Paulo, nada tivesse acontecido, aqueles discípulos poderiam perguntar: sim, e daí? Mas eles precisavam entender a diferença! Então, o primeiro batismo foi: arrependam-se e creiam no Senhor Jesus! O segundo batismo foi: creiam que Jesus não vos deixou órfãos! Ele habitará em vós através do Seu Espírito! Então, a partir dessa crença, o Espírito passa a habitar em nós! E assim a Igreja fará obras maiores! (Jo.5:20).

Agora, se eu creio que ele habita em mim - pois trata-se de uma promessa - Ele não vai habitar a 10%, 20% ou 80%. Ele está em mim! Plenamente em mim! Evidente que quanto mais eu buscá-Lo, mais Ele vai se expandir! É como um gás num recipiente. Ele se expande no espaço que tem disponível! Se eu alargo meu espírito, o Espírito se alarga em mim! Se Ele se alarga, Suas manifestações em mim vão se tornar mais visíveis! Note que as línguas são sinais para os incrédulos (1Co.14:22), embora Paulo tenha dito que servem para nossa edificação (1Co.14:4), mas nem todos falam em línguas (1Co.12:30-31). Não só somos estimulados a buscar com zelo os maiores dons (1Co.12:31), mas especialmente o de profecia, pois o que profetiza edifica a igreja (1Co.14:1-4). Mas quantas não são as igrejas que fazem cultos específicos para que se se falem em línguas estranhas, considerando tal manifestação como sinônimo de ser batizado com o Espírito Santo? Paulo queria que todos os irmãos falassem em línguas, mas sabia que a igreja somente seria edificada se houvesse quem as interpretasse (1Co.14:13)!

Então a questão é a seguinte: embora o NT narre várias vezes que foram batizados no Espírito Santo [....] e falaram em novas línguas, onde está escrito que esta é a única manifestação que garante o cristão de ter sido batizado com o Espírito Santo? Isso não seria limitar a obra e o poder de Deus e a diversidade de dons da Igreja? Ou Ele não distribui os dons como lhe apraz? (1Co.12:11). Ah, mas tem lideranças que se apegam à própria edificação do falar em línguas e querem coparticipar com o Espírito nas distribuições de dons! Tenhamos ousadia, intrepidez, pois basta abrir a boca! Fala, irmão! O Espírito está em você! Fala glória, glória, glória! O pior é quando o pastor ordena do púlpito: orem em línguas! E a confusão continua: o Espírito está aqui na igreja, quem não é batizado, peça para ser! Então aqui já está implícito de que quem não fala em línguas não é batizado no Espírito Santo!

A questão é que há muitos pastores que esmagam as pessoas quando falam deste assunto, ainda que inconscientemente, pois em termos espirituais, colocam em xeque a identidade espiritual do cristão, do tipo: será que permaneço pecador, será que o Espírito Santo não habita em mim, será que Ele habita em mim, mas não sou batizado, fui ou não fui batizado.

Perceba que quando Paulo diz que eu quero que todos vós faleis em línguas, mas antes que profetizeis (1Co.14:4-5), significa necessariamente que nem toda pessoa batizada com o Espírito Santo fala em línguas, já que ele expressa seu desejo de querer que todos falem! Mas não falam! O Espírito distribui os dons como quer (1Co.12:11)! Há diversidade de dons provenientes do mesmo Espírito (1Co.12:4)! Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil (1Co.12:7)!

Ele diz: Aquele que fala em línguas ore para que interprete, a fim de edificar a igreja (1Co.14:13). E quem não fala? Veja que ele diz: aquele que fala (pois há os que não falam!). Falar em outras línguas não pode ser tomado como regra nem doutrina de evidência do batismo com Espírito Santo! Isso é um absurdo e chega a ser uma covardia e um incentivo para que o Senhor seja julgado por acepção! Se as línguas servem como sinal, servem aos incrédulos, não aos crentes! (1Co.14:22). Ora, você conhece um crente pelos seus frutos! Você conhece um bom vinho pelo seu rótulo! Se você conhece o que é um bom vinho, não precisa do rótulo do Grand Cru Romanée-Conti para que ele seja um Grand Cru Romanée-Conti! Basta experimentar! Da mesma forma, um crente que é batizado com o Espírito Santo não precisa carregar um crachá escrito: falo em línguas! Ele pode não ter tido aquela primeira evidência que atesta o batismo, mas pode exercer o seu ministério de conhecimento há muito! E sem o batismo no Espírito Santo, isso não seria possível!

Li um artigo que dizia o seguinte: Por que você acha que a descida do Espírito teve que acontecer logo no dia de Pentecoste? Porque neste dia judeus de várias partes do Oriente Médio se reuniam em Jerusalém para celebrar Shavuot, a festa das Primícias da Colheita! Desta forma, o meio que o Espírito usou para se manifestar a todos, chamar a atenção deles e assim possibilitar a pregação do evangelho e da Pessoa de Cristo, foi proporcionar aos 120 discípulos falarem em outras línguas, que eles não falavam naturalmente (At.2:1-4;7-11), e surpreender os que presenciavam a cena.

Bem, ocorre que nos dias atuais, especialmente a partir do avivamento caracterizado, entre outras coisas, por experiências de se falar em línguas estranhas, ocorrido na Rua Azusa, em 14 de abril de 1906, LA, Califórnia - liderado por William Joseph Seymour, um pregador afro-americano que fora da Igreja Metodista Episcopal - os pentecostais mantêm a crença de que o batismo no Espírito Santo somente pode ser atestado se o crente falar em línguas estranhas. Criaram um padrão bíblico! Foi esse padrão que quase me levou à loucura no início de minha vida cristã! Quando se cria uma doutrina, um padrão, sem a certeza de que aquilo é atestado pelo Espírito Santo, a Igreja mergulha na confusão e, consequentemente, na divisão, gerando muita insegurança entre os membros.

Houve um irmão afrodescendente, não me lembro se do Quênia ou da Nigéria (chamava-se Ki Bara Bara), que veio ao Brasil nos anos 90 para ministrar o batismo com o Espírito Santo e, certamente, com a evidência das línguas estranhas! E era o seguinte: o irmão impunha as manzorras sobre a tua cabeça e você saía falando: alashuricantalabachéia! E se não saísse falando, a sensação era a de que a cruz de Cristo não era suficiente para o irmãozinho ter acesso ao céu! Misericórdia! Eu jejuava, orava, suplicava, me sentia o pior dos crentes! Fui num dia, voltei no dia seguinte! E nada! Era recém-convertido! Pensei: o inferno me aguarda! Estava doido para falar em línguas! Rosy, minha falecida esposa, procurava me acalmar. Era congresso da Adhonep e ela trabalhava em tradução. E neca de pitibiriba! As pessoas me entreolhavam como quem diziam: existem os crentes da sala e os da cozinha! De um jeito ou outro, o pentecostalismo classificou os cristãos em primeira classe (os que falam em línguas) e os de segunda classe (os que não falam). Isso caracterizou uma forma de elitismo espiritual, pois os que falam em línguas são considerados como batizados no Espírito, enquanto os que não falam (e talvez jamais falem) seriam considerados como reles mortais que não tiveram a honra de terem sido batizados no Espírito! Deus esqueceu-se deles, e o que é pior: fez acepção! Se não falarem em línguas, esses pobres cristãos não serão considerados batizados com o Espírito! Uma vez fui convidado a pregar numa igreja. Antes do início do culto, fui levado pelos presbíteros à sala do pastor para orarmos. Demos as mãos. O pastor me disse: - pode orar em línguas, irmão Rubens! Eu creio jamais ter passado tanta vergonha na minha vida! Mas aquilo foi um jeito sutil como um cavalo de saber se eu pertencia à primeira classe! Se eu fosse, após o culto me serviriam suco de goiaba e torta de abacaxi! Mas acabei comendo mesmo biscoito Mirabel e tomando um copo d’água!

E assim, doutrinas diabólicas foram criadas a partir deste cenário! Mas poderíamos testemunhar um homem de Deus que tivesse o dom de cura, mas se não falasse em línguas, continuaria sendo um pobre e miserável pecador! Um pobre e miserável pecador que curava pelo poder do Espírito!

Verdade é que se todas as menções bíblicas estivessem em Atos, não teríamos como fugir do tal padrão! Que padrão é esse, meu Senhor!? Mas graças a Deus, o fenômeno das línguas não é privilégio do livro de Atos! Verdade também que os dons do Espírito são concedidos para edificação da Igreja, e o que fala em línguas, não fala aos homens, mas a Deus, ninguém entende, e em espirito fala em mistérios (1Co.14:2). E a igreja só recebe edificação se as línguas forem interpretadas! Pasmem, em mais de três décadas de Igreja, encontrei um único irmão que tinha esse dom!

Não podemos perder de vista que a questão da pressão sobre o falar em línguas tem se tornado, desde meados do século XX, mais importante do que o próprio propósito original do batismo no Espírito! Afinal, o revestimento de poder tem como propósito o testemunho, e não o falar em línguas, que nada mais é do que um sinal de revestimento deste poder!

Ora, vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular. E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores, depois milagres, depois dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura são todos apóstolos? São todos profetas? São todos doutores? São todos operadores de milagres? Têm todos o dom de curar? Falam todos em línguas? [a retórica impõe a negativa como resposta] Interpretam todos? Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um caminho mais excelente. (1Co.12:27-31).

Ora, não há lugar na Bíblia que faça distinção entre línguas como sinal e línguas como um dom. Inclusive F.F. Bosworth se desligou das Assembleias de Deus que ajudou a fundar em 1914 nos EUA porque não aceitava tal distinção, bem como não aceitava que línguas fossem a única evidência de batismo no Espírito! O próprio William J. Seymour, pioneiro pentecostal, que criticava aqueles que buscavam as manifestações ao invés de buscar o Senhor, acabou abandonando a doutrina das línguas como evidência física inicial.

Assim, é notório que muitos cristãos deram testemunho do Evangelho com poder, mas não falaram em línguas. Houve grandes avivamentos nos quais não há registro da manifestação do falar em línguas. Muitos homens de Deus não tiveram essa experiência. Poderíamos dizer que essas pessoas não foram batizadas com o Espírito Santo? Homens como Hudson Taylor, George Miller, Adoniram Judson, Finney, Wesley, Jonathan Edwards, Spurgeon, Livingtone, Carey, Calvino, não falavam em línguas! Será que Keneth Hagin teria coragem de dizer para Billy Graham que ele tinha o Espírito Santo, mas que para ser batizado e falar em línguas, lhe faltaria apenas ousadia?

 
 
 

1件のコメント


nnirce
2021年12月18日

Prezado Rubens Szczerbacki, acabo de ler a sua mais recente postagem aqui no Blog.. Importante e oportuno, tratar desse tema sobre o "aclamado" dom de línguas publicamente.. Sou assembleiana "de raiz", como dizem alguns, a mais de 35 anos.. e já fui literalmente "torturada" para enrolar a língua e deixar rolar.. mas, nunca rolou.. Tenho alguns amigos/irmãos na mesma condição minha..Nós temos o Pastor Dr Rubens Tavares, nosso amigo/irmão, há quase 40 anos, um homem criado no Evangelho, Teólogo e escritor, advogado e procurador aposentado, que prestou serviços relevantes a pequenas e grandes igrejas em BsB, detentor de uma bagagem de ensino espiritual e secular, digna de reconhecimento, e nunca havia sido consagrado…

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